domingo, 15 de junho de 2008

A educação dos sem-futuro

O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), das escolas brasileiras, divulgado pelo Ministério da Educação, é um retrato melancólico da falência do nosso sistema educacional e da falta de perspectivas para a educação brasileira. No que era ruim em 2005, houve modestas melhoras em 2007. Na escala de 0 a 10, o ensino de 1ª à 4ª série teve nota 4,2. No ensino médio, a nota foi 3,5.
Falta ao Brasil a indiscriminada disseminação de escolas para ensinar muito e bem, em tempo integral, e não para contemporizar com uma indigente disposição para o estudo e o rendimento escolar. Gerações de brasileiros que ascenderam socialmente por meio da escola, que respondem com competência às demandas do desenvolvimento econômico e social, procedem da escola que reprovava quando o desempenho escolar não era satisfatório.
A aprovação automática, que privilegia a categoria de idade e não dá precedência ao nível de conhecimento acumulado na vida escolar, empobreceu a escola e difundiu o ensino sem a contrapartida da responsabilidade do aluno
.
Em nossa cultura popular, escola é sinônimo de trabalho e estudante é profissão. É privilégio não trabalhar para estudar, de quem já deveria estar contribuindo para o ganho familiar do pão nosso de cada dia. Assim como qualquer trabalhador tem que trabalhar e bem para receber seu salário, os próprios pais, no geral, entendem que os filhos têm que estudar duro para aprender e receber o diploma. Ficam chocados com essa estranha escola de facilitação do diploma quando o diploma não é merecido. Parece-lhes estímulo à vagabundagem dos filhos.
Se o mau desempenho fosse excepcional característica de alunos isolados, seria fácil compreender inovações de estímulo como essa. Mas, quando o mau desempenho se reflete nas médias e nos índices de todo o sistema educacional, significa que estamos todos reprovados. (...)
O resultado escolar imerecido e nominal desmoraliza o aluno esforçado e elege o desinteresse como virtude. Mesmo que os autores dessa opção pedagógica possam reunir muitos e aparentemente sólidos argumentos filosóficos em seu favor, não tem ela curso livre e fácil na compreensão dos pais e dos próprios alunos por ela alcançados. É opção derrotada em casa, em face da lógica sólida da economia moral das famílias que vêem a escola e o ensino em conflito com valores mais fortes e persistentes do que aqueles que ministros, secretários de educação e teóricos de academia podem impor aos alunos com base unicamente na força de seu poder. (...)
(José de Souza Martins, professor de Sociologia da Faculdade de Filosofia da USP - O Estado de S.Paulo, 15/06/2008)

Resultados parciais do Índice de Desemvolvimento da Educação Básica (Ideb) revelam que o Brasil alcançou no ano passado a meta de qualidade determinado pelo governo para 2009. A média foi 4,2, numa escala de 0 a 10 - a nota anterior, de 2005, era de 3,8. (Continuamos no vermelho!!!).

Um comentário:

  1. Muito bom Everaldo, vocë está se tornando um blogueiro afinal é blogando que a gente aprende a blogar 8;)
    Beijocas

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