sábado, 18 de dezembro de 2010

DESAGRAVO DO PROF. IGOR AO ASSASSINATO DO PROF. KÁSSIO VINICIUS

Amigos,

Embora há muito tempo desligado daquela instituição, como ex-professor do Instituto Metodista Izabela Hendrix, fiquei profundamente consternado com o caso do universitário que, revoltado com suas notas baixas, cravou uma faca no coração de seu professor, na cantina, em pleno horário escolar, à frente de todos.

Escrevi um desagravo e, em minha opinião, a pérfida ilusão vendida a muitos alunos despreparados, sobre a escola (e a vida) como lugares supostamente cheios de direitos e pobres em deveres, acaba por contribuir para ambientes propensos à violência moral e física.

(Eu acuso !)
(Tributo ao professor Kássio Vinícius Castro Gomes)

Meu dever é falar, não quero ser cúmplice. (...)

(Émile Zola)

Foi uma tragédia fartamente anunciada. Em milhares de casos, desrespeito. Em outros tantos, escárnio. Em Belo Horizonte, um estudante processa a escola e o professor que lhe deu notas baixas, alegando que teve danos morais ao ter que virar noites estudando para a prova subsequente. (Notem bem: o alegado “dano moral” do estudante foi ter que... estudar!).

A coisa não fica apenas por aí. Pelo Brasil afora, ameaças constantes. Ainda neste ano, uma professora brutalmente espancada por um aluno. O ápice desta escalada macabra não poderia ser outro.

O professor Kássio Vinícius Castro Gomes pagou com sua vida, com seu futuro, com o futuro de sua esposa e filhas, com as lágrimas eternas de sua mãe, pela irresponsabilidade que há muito vem tomando conta dos ambientes escolares.
Há uma lógica perversa por trás dessa asquerosa escalada. A promoção do desrespeito aos valores, ao bom senso, às regras de bem viver e à autoridade foi elevada a método de ensino e imperativo de convivência supostamente democrática.

No início, foi o maio de 68, em Paris: gritava-se nas ruas que “era proibido proibir”. Depois, a geração do “não bate, que traumatiza”. A coisa continuou: “Não reprove, que atrapalha”. Não dê provas difíceis, pois “temos que respeitar o perfil dos nossos alunos”. Aliás, “prova não prova nada”. Deixe o aluno “construir seu conhecimento.” Não vamos avaliar o aluno. Pensando bem, “é o aluno que vai avaliar o professor”. Afinal de contas, ele está pagando...
E como a estupidez humana não tem limite, a avacalhação geral epidêmica, travestida de “novo paradigma” (Irc!), prosseguiu a todo vapor, em vários setores: “o bandido é vítima da sociedade”, “temos que mudar ‘tudo isso que está aí’; “mais importante que ter conhecimento é ser ‘crítico’.”
Claro que a intelectualidade rasa de pedagogos de panfleto e burocratas carreiristas ganhou um imenso impulso com a mercantilização desabrida do ensino: agora, o discurso anti-disciplina é anabolizado pela lógica doentia e desonesta da paparicação ao aluno – cliente...
Estamos criando gerações em que uma parcela considerável de nossos cidadãos é composta de adultos mimados, despreparados para os problemas, decepções e desafios da vida, incapazes de lidar com conflitos e, pior, dotados de uma delirante certeza de que “o mundo lhes deve algo”.

Um desses jovens, revoltado com suas notas baixas, cravou uma faca com dezoito centímetros de lâmina, bem no coração de um professor. Tirou-lhe tudo o que tinha e tudo o que poderia vir a ter, sentir, amar.

Ao assassino, corretamente , deverão ser concedidos todos os direitos que a lei prevê: o direito ao tratamento humano, o direito à ampla defesa, o direito de não ser condenado em pena maior do que a prevista em lei. Tudo isso, e muito mais, fará parte do devido processo legal, que se iniciará com a denúncia, a ser apresentada pelo Ministério Público. A acusação penal a o autor do homicídio covarde virá do promotor de justiça. Mas, com a licença devida ao célebre texto de Emile Zola, EU ACUSO tantos outros que estão por trás do cabo da faca:
EU ACUSO a pedagogia ideologizada, que pretende relativizar tudo e todos, equiparando certo ao errado e vice-versa;
EU ACUSO os pseudo-intelectuais de panfleto, que romantizam a “revolta dos oprimidos”e justificam a violência por parte daqueles que se sentem vítimas;
EU ACUSO os burocratas da educação e suas cartilhas do politicamente correto, que impedem a escola de constar faltas graves no histórico escolar, mesmo de alunos criminosos, deixando-os livres para tumultuar e cometer crimes em outras escolas;

EU ACUSO a hipocrisia de exigir professores com mestrado e doutorado, muitos dos quais, no dia a dia, serão pressionados a dar provas bem tranqüilas, provas de mentirinha, para “adequar a avaliação ao perfil dos alunos”;
EU ACUSO os últimos tantos Ministros da Educação, que em nome de estatísticas hipócritas e interesses privados, permitiram a proliferação de cursos superiores completamente sem condições, freqüentados por alunos igualmente sem condições de ali estar;
EU ACUSO a mercantilização cretina do ensino, a venda de diplomas e títulos sem o mínimo de interesse e de responsabilidade com o conteúdo e formação dos alunos, bem como de suas futuras missões na sociedade;

EU ACUSO a lógica doentia e hipócrita do aluno-cliente, cada vez menos exigido e cada vez mais paparicado e enganado, o qual, finge que não sabe que, para a escola que lhe paparica, seu boleto hoje vale muito mais do que seu sucesso e sua felicidade amanhã;

EU ACUSO a hipocrisia das escolas que jamais reprovam seus alunos, as quais formam analfabetos funcionais só para maquiar estatísticas do IDH e dizer ao mundo que o número de alunos com segundo grau completo cresceu “tantos por cento”;
EU ACUSO os que aplaudem tais escolas e ainda trabalham pela massificação do ensino superior, sem entender que o aluno que ali chega deve ter o mínimo de preparo civilizacional, intelectual e moral, pois estamos chegando ao tempo no qual o aluno “terá direito” de se tornar médico ou advogado sem sequer saber escrever, tudo para o desespero de seus futuros clientes-cobaia;
EU ACUSO os que agora falam em promover um “novo paradigma”, uma “ nova cultura de paz”, pois o que se deve promover é a boa e VELHA cultura da “vergonha na cara”, do respeito às normas, à autoridade e do respeito ao ambiente universitário como um ambiente de busca do conhecimento;
EU ACUSO os “cabeça – boa” que acham e ensinam que disciplina é “careta”, que respeito às normas é coisa de velho decrépito,
EU ACUSO os métodos de avaliação de professores, que se tornaram templos de vendilhões, nos quais votos são comprados e vendidos em troca de piadinhas, sorrisos e notas fáceis;

EU ACUSO os alunos que protestam contra a impunidade dos políticos, mas gabam-se de colar nas provas, assim como ACUSO os professores que, vendo tais alunos colarem, não têm coragem de aplicar a devida punição.

EU VEEMENTEMENTE ACUSO os diretores e coordenadores que impedem os professores de punir os alunos que colam, ou pretendem que os professores sejam “promoters” de seus cursos;

EU ACUSO os diretores e coordenadores que toleram condutas desrespeitosas de alunos contra professores e funcionários, pois sua omissão quanto aos pequenos incidentes é diretamente responsável pela ocorrência dos incidentes maiores;
Uma multidão de filhos tiranos que se tornam alunos -clientes, serão despejados na vida como adultos eternamente infantilizados e totalmente despreparados, tanto tecnicamente para o exercício da profissão, quanto pessoalmente para os conflitos, desafios e decepções do dia a dia.
Ensimesmados em seus delírios de perseguição ou de grandeza, estes jovens mostram cada vez menos preparo na delicada e essencial arte que é lidar com aquele ser complexo e imprevisível que podemos chamar de “o outro”.

A infantilização eterna cria a seguinte e horrenda lógica, hoje na cabeça de muitas crianças em corpo de adulto: “Se eu tiro nota baixa, a culpa é do professor. Se não tenho dinheiro, a culpa é do patrão. Se me drogo, a culpa é dos meus pais. Se furto, roubo, mato, a culpa é do sistema. Eu, sou apenas uma vítima. Uma eterna vítima. O opressor é você, que trabalha, paga suas contas em dia e vive sua vida. Minhas coisas não saíram como eu queria. Estou com muita raiva. Quando eu era criança, eu batia os pés no chão. Mas agora, fisicamente, eu cresci. Portanto, você pode ser o próximo.”
Qualquer um de nós pode ser o próximo, por qualquer motivo. Em qualquer lugar, dentro ou fora das escolas. A facada ignóbil no professor Kássio dói no peito de todos nós. Que a sua morte não seja em vão. É hora de repensarmos a educação brasileira e abrirmos mão dos modismos e invencionices. A melhor “nova cultura de paz” que podemos adotar nas escolas e universidades é

fazermos as pazes com os bons e velhos conceitos de seriedade, responsabilidade, disciplina e estudo de verdade.
Igor Pantuzza Wildmann
Advogado – Doutor em Direito. Professor universitário.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Estudar

Por Pedro Demo

O estudo bem feito sempre resulta em autoria, o que retira do interesse procedimentos de cópia, transmissão, aquisição. Estudar bem não combina com receber conteúdos simplificados, abreviados, resumidos, via aula, de tal sorte que a tarefa que ainda resta para o aluno seria copiar e reproduzir. Em suma, nem escola, nem universidade descobriram propriamente o que é estudar.

Meu objetivo é questionar a maneira como, em geral, se estuda entre nós, sem pesquisa, sem elaboração, sem leitura sistemática, sem desconstrução e reconstrução. Na escola e na universidade, estudar é o que menos se faz, gastando-se o tempo inteiro com aulas e provas. Não que estas não caibam, mas são eventos supletivos, como regra apenas reprodutivos.

Entendo por estudar a dedicação sistemática à reconstrução do conhecimento, na condição de sujeito capaz de interpretar com autonomia, desconstruindo e reconstruindo. O estudo bem feito sempre resulta em autoria, o que retira do interesse procedimentos de cópia, transmissão, aquisição. Estudar bem não combina com receber conteúdos simplificados, abreviados, resumidos, via aula, de tal sorte que a tarefa que ainda resta para o aluno seria copiar e reproduzir. Em suma, nem escola, nem universidade descobriram propriamente o que é estudar.

Em sociedades que prezam mais o conhecimento como fundamento imprescindível da autonomia do indivíduo e da sociedade, bem como da economia (Gorz, 2005), estudar vincula-se bem menos a procedimentos instrucionistas, realçando-se tendencialmente a dedicação reconstrutiva sistemática. Sabemos que os professores não gostam de estudar (Unesco, 2004), não porque não saberiam apreciar o estudo, mas por conta de uma história longa contrária a este tipo de trabalho intelectual: foram formados em instituições instrucionistas, muito distanciadas da pesquisa e da elaboração própria; conviveram com professores que não estudavam, apenas davam aula; foram avaliados sempre pela prova reprodutiva; e agora possuem um diploma, que, supostamente, os dispensaria de estudar, já que estudar é coisa de aluno! Invariavelmente, quando os professores recebem horas de estudo na semana, dificilmente as aproveitam para estudar, em parte porque, assoberbados com afazeres, precisam do tempo para outras coisas, em parte porque nunca aprenderam a estudar, em parte porque consideram estudo qualquer coisa.


1. NÃO SE APRENDE SEM ESTUDAR

Entre nós, aprender coincide com ter aula, e assim está exarado na LDB, quando se estatuíram os 200 dias letivos. Confundiu-se, toscamente, aula com aprendizagem, reproduzindo um dos estereótipos mais fúteis em nossa sociedade, não só no professor, mas igualmente nos pais: estes medem a aprendizagem de seus filhos pelas aulas e se irritam quando, por qualquer razão, não há aula. Estamos agora introduzindo o nono ano no ensino fundamental, sob a mesma alegação: se os alunos tiverem mais aulas, vão aprender mais. Pode não ocorrer e isto insinuam dados do Saeb (2004), surpreendente e ironicamente (Demo, 2004), como se observa na Tabela 1.

Anos 1995 1997 1999 2001 2003

Língua Portuguesa
4a série EF 188,3 186,5 170,7 165,1 169,4
8a série EF 256,1 250,0 232,9 235,2 232,0
3a série EM 290,0 283,9 266,6 262,3 266,7

Matemática
4a série EF 190,6 190,8 181,0 176,3 177,1

8ª série EF 253,2 250,0 246,4 243,4 245,0

3a série EM 281,9 288,7 280,3 276,7 278,7

Tabela 1. Média de desempenho em Língua Portuguesa e Matemática - SAEB Brasil - 1995-2003. (Fonte: Saeb, 2004. EF = Ensino Fundamental; EM = Ensino Médio.)

Esta série histórica de cinco pontos no tempo sugere que o rendimento escolar está decaindo desde 1995, tendo ocorrido uma recuperação tímida e ambígua em 2003. De todos os modos, as cifras de 2003 continuam muito abaixo daquelas de 1995. Em 1997 foram introduzidos os 200 dias letivos e no lapso entre 1997 e 1999 nota-se a maior queda, em especial com referência à língua portuguesa: na 4ª série, a queda foi de 15,8 pontos, na 8ª série de 17,1 pontos e na 3ª série do ensino médio de 17,3; em matemática a queda foi bem menor: de 9,8 pontos na 4ª série, de 3,6 pontos na 8ª série e de 8,4 pontos na 3ª série do ensino médio. Embora não se possa atribuir esta queda ao aumento de aulas pura e simplesmente, porque pode ter ocorrido por outros fatores também, é no mínimo curioso que a introdução dos 200 dias letivos não acarretou qualquer efeito benéfico à aprendizagem. A mensagem mais insinuante da Tabela é que, continuando a fazer o que fazemos hoje na sala de aula, vamos ladeira abaixo. Estudar não é ter aula.

Esta mesma insinuação se apresenta, quando consideramos os estágios de desempenho para 2003, conforme a Tabela 2. Rendimento “adequado” é da ordem da exceção, tão diminutas são as respectivas cifras, sem falar na mais baixa: apenas 3% dos alunos brasileiros teriam tido desempenho adequado em matemática na 8ª série.

Estágios
Muito crítico Crítico Intermediário Adequado
4ª série EF – L. Port.
18,7 36,7 39,7 4,8


4ª série EF – Matem.
11,5 40,1 41,9 6,4


8ª série EF – L. Port.

4,8 22,0 63,8 9,3

8ª série EF – Matem.
7,3 49,8 39,7 3,3


3ª série EM – L. Port.
3,9 34,7 55,2 6,2

3ª série EM – Matem.
6,5 62,3 24,3 6,9

Tabela 2. Proporção de estudantes em estágios de construção de competências em língua portuguesa e matemática – Brasil – 2003. (Fonte: Saeb, 2004. EF = Ensino Fundamental; EM = Ensino Médio)


Por volta de 20% dos alunos estavam na 4ª série em língua portuguesa e não sabiam quase nada (estágio “muito crítico”), sendo que esta cifra ia a 30% no nordeste. Quase 2/3 dos alunos em matemática na 3ª série do ensino médio tiveram desempenho “crítico”. É de se perguntar: como pode um aluno chegar à 4ª série e não saber quase nada?... Aulas não faltam, são agora 200 dias letivos. Falta, da maneira mais ostensiva imaginável, aprendizagem. A aprendizagem pode ser obstaculizada por inúmeros fatores, também de fora da escola, em especial a condição de pobreza extrema de muitos alunos. Mesmo assim, na maior pobreza, um aluno não poderia estar na 4ª série e não saber quase nada e tendo 200 dias de aula.


Capacitação Língua portuguesa/série Matemática/série
4ª - EF/ 8ª - EF/ 3ª - EM ---- 4ª - EF/ 8ª - EF/ 3ª - EM

Sem pós-graduação 158,42/ 233,80 /266,08 ----181,43 /252,27/ 260,72

Extensão 171,69 / 245,83 / 275,64 ----190,43 /269,72 / 277,31
Aperfeiçoamento 173,14 / 243,33 / 274,37 ----188,01 / 259,28/ 268,94
Especialização 170,88 / 238,49 / 275,35 ----190,90 / 257,98 / 267,11
Mestrado 180,05 / 262,74 / 299,59 ----187,75 / 261,81 / 282,08
Doutorado 178,94 / 281,43 / 308,19 ----176,75 /- / 355,25
Sem atividade de formação continuada nos últimos dois anos

161,50 / 235,81 / 264,71 ---172,17 / 247,40 / 261,49
Com atividade de formação continuada nos últimos dois anos
165,52 / 237,45 / 271,71 -----177,35 / 253,21 / 265,14

Tabela 3. Proficiência média dos alunos por série e disciplina, segundo cursos de pós-graduação e formação continuada dos docentes – Saeb/2001. (Fonte: INEP [2003:40]. Nota: EF = Ensino Fundamental; EM = Ensino Médio).

Outra ilustração desta problemática pode ser observada na comparação que o Inep faz da proficiência de alunos que estudam com professores sem graduação, com professores com pós-graduação, bem como de alunos que estudam com professores que fazem semana pedagógica com outros que não fazem (Tabela 3). Primeiro, parece claro que vale muito a pena estudar com professores que estudam: comparando-se a proficiência dos alunos que têm aula com professores sem pós-graduação com aqueles que a têm, as cifras melhoram muito, em especial com pós-graduação stricto sensu. Provavelmente, este efeito benéfico funda-se no fato de que, na pós-graduação, mesmo que seja lato sensu, os cursistas são levados a estudarem de modo mais adequado: além de aulas, lêem sistematicamente, produzem textos e elaboram uma monografia que, muitas vezes, é defendida em banca. Esta condição é ainda mais aprimorada no mestrado ou doutorado. Os professores formados, ao voltarem para a sala de aula, não dão mais a “mesma aula”, de estilo tão instrucionista e reprodutivo.

Segundo, os alunos de professores que fazem formação continuada (nos últimos dois anos) comparados com alunos de professores que não fazem obtêm índices de desempenho pouco diferenciados, sugerindo não valer a pena este tipo de investimento. Com efeito, as semanas pedagógicas exaurem-se, como regra, em procedimentos instrucionistas (escutar conferências ou coisa do gênero, por exemplo). Voltando para a sala de aula, o professor continua dando a mesma aula. A diferença maior pareceria ser: na pós-graduação, estuda-se, ou, pelo menos, existiria um ambiente mais propício ao estudo, enquanto que na semana pedagógica faz-se o que se faz na sala de aula: não se estuda. Não podemos forçar tais dados porque, além de se referirem a um único ponto no tempo, não podem garantir que pós-graduação seja remédio infalível. Pode-se fazer pós-graduação instrucionista facilmente. Títulos não garantem a competência. O que garante é a aprendizagem adequada. Pode-se aprender também de semanas pedagógicas, dependendo sobretudo do professor que a faz. Afinal, há alunos que aprendem bem apesar do professor!

Os dados insinuam que as aulas não produzem aprendizagem. É difícil convencer disso o professor, já que se identifica com suas aulas e ainda acredita piamente que o aluno precisa delas como oxigênio para sua vida. É equívoco fantástico, porque nenhuma teoria e nenhuma prática razoavelmente fundamentadas e experimentadas acolhem esta expectativa. Aprender não advém necessariamente de ensinar, porque é dinâmica de dentro para fora, tendo o aprendiz na condição de sujeito, não de ouvinte. Relembrando: Sócrates, hoje tão apreciado também em ambientes moderníssimos, virtuais, de aprendizagem (Prensky, 2001), nunca ensinou, nunca deu aula, nunca passou prova, e é considerado o educador dos educadores (Owens, 2004. Mink/Owen/Mink, 1993). Aprender pode encontrar em aulas algum suporte, mas nada além disso.


2. APRENDER É ESTUDAR

Aprendizagem, para iniciar, não é resultado de instrução. A biologia mostra isso hoje com grande convicção: o ser vivo é máquina autopoiética *, que funciona de dentro para fora, como sempre pensaram os educadores maiêuticos ** (Maturana, 2001. Demo, 2002). Não temos da realidade externa um xérox na cabeça, uma reprodução fotográfica, mas uma reconstrução, interpretação, na posição de observador. O computador funciona de fora para dentro, precisa de tomada elétrica, teclado, softwares e hardwares. Armazena e processa dados com perícia estupenda, mas nada interpreta, reconstrói, pelo menos por enquanto (Hofstadter, 2001). Maturana foi um dos primeiros biólogos a mostrar que a mente humana não pode, a rigor, ser instruída, rebatendo o que se tem chamado, desde então, de instrucionismo (Maturana/Varela, 1994). A mente humana não só percebe significados, principalmente cria e recria significados, manipulando símbolos não apenas na dimensão sintática (como faz o computador digital, algorítmico), mas sobretudo na dimensão semântica, complexa, não-linear.

(*) Autopoiésis significa “autocriação”. Muito do que o ser vivo “é” acaba determinado por aquilo que “faz”. Não se pode, contudo, dizer que o ser vivo é completamente autopoiético, pois a sua carga genética, para ficarmos no campo da biologia, é sempre dada e não autocriada, embora tenha de ser moldada posteriormente pelo ambiente; no caso do ser humano, evidentemente, a educação é um dos fatores ambientais mais importantes (N. do E.)

(**) Maiêutica: Sócrates designava assim o seu trabalho de educador (dizia que era apenas “parteiro das idéias”), no qual procurava levar os seus discípulos a chegarem eles mesmos a conclusões a partir do conhecimento de que dispunham (N. do E.)

Daí decorre que ambiente adequado de aprendizagem supõe atividades, em primeiro lugar, participativas, nas quais o aprendiz se encontra envolvido e motivado, na condição de sujeito, e, em segundo lugar, que acionem processos e dinâmicas reconstrutivas, interpretativas, sempre como autor. Entre tais atividades podemos destacar a pesquisa e a elaboração própria, individual e coletiva, através das quais se exerce a autoria do conhecimento reconstruído. Um dos resultados mais importantes deste processo é a construção crescente da autonomia humana, um dos pontos mais altos da potencialidade disruptiva do conhecimento (Burke, 2003). A autonomia não pode ser absoluta, porque colidiria com a autonomia dos outros. Faz parte dos processos educativos, tipicamente formativos, arquitetar modos conviventes de autonomia, em especial aqueles que sabem convencer sem vencer (Demo, 2005). Ao lado da capacidade de criticar, não é menos importante a capacidade de autocrítica. Esta é a coerência da crítica.

Sem rebuscar tais fundos teóricos, podemos apresentar alguns pontos ilustrativos da aprendizagem adequada:

a) aprendizagem supõe inevitavelmente autoria; através dela deixamos de reproduzir para reconstruir; lêem-se autores para nos tornarmos autores;

b) aprendizagem exige pesquisa, como atividade autopoiética de reconstrução própria do conhecimento disponível ou novo; conhecimento não se transmite, copia, mas se reconstrói, interpreta;

c) aprendizagem pede elaboração constante de textos, através dos quais exercitamos a autoria e a correspondente autonomia; elaboração é indicativo forte do saber pensar, à medida que estruturamos as idéias sob a égide do sujeito;

d) aprendizagem reclama leitura sistemática, tanto para acompanhar a evolução da discussão, quanto para ter idéias pertinentes a serem reconstruídas; quem lê bem possui referências, apoios, contraposições;

e) aprendizagem se expressa na arte de argumentar e contra-argumentar, com base na autoridade do argumento; desfaz-se do argumento de autoridade que, propriamente, não é argumento nenhum; sabe montar seu discurso próprio com suficiente qualidade intrínseca, por conta da reconstrução inteligente e arguta do conhecimento;

f) aprendizagem aparece na habilidade de fundamentar o que se diz, mantendo a percepção de que nada se diz em última instância peremptória; o fundamento maior é a autocrítica, porque preserva o olhar socrático do saber limitado e que sempre se renova; a crítica é essencial, mas ainda mais profunda é a autocrítica, porque nela comparece o autor que continua aprendendo;

g) aprendizagem requer dedicação sistemática transformada em hábito permanente; aprendizagem adequada compatibiliza-se bem com formação permanente, indicando que é o caso estudar sempre; em parte isto é imposto pela perecibilidade do conhecimento, em parte por novos horizontes que sempre se descortinam; não adianta estudar de vez em quando, por acaso, aos solavancos; há que estudar todos os dias;

h) aprendizagem do professor tem que ser profissional, porque ele é profissional da aprendizagem; precisa, pois, estudar profissionalmente, como parte mais decisiva de sua profissão; quem não estuda, não tem aula para dar.

Todos os autores importantes e pedagogos conhecidos foram estudiosos profissionais. Podem ter escutado muitas aulas, mas o processo formativo se deu com base em seu esforço reconstrutivo sistemático. Formaram-se de dentro para fora, usando aulas e mesmo provas, mas sobretudo aprendendo na condição de autores. As grandes universidades não são conhecidas pelas aulas, mas pelas mentes brilhantes que aí se formam. Pesquisar e elaborar são habilidades imprescindíveis. Se “formação é o que resta depois que se esqueceu tudo”, instrucionismo está descartado, porque imbeciliza.

É fundamental aprender na escola a estudar. Em geral aprendemos a reproduzir, o que coincide com não aprender. É sempre importante observar duas dimensões no estudo. Há o estudo individual, quando estudamos sozinhos e nos dedicamos ao trabalho intelectual com base na reflexão própria. É fundamental saber fazer isso bem, porque exige disciplina, perseverança e, de preferência, motivação e gosto. Mas há também o estudo em grupo, facilmente banalizado entre nós, mas de grande valor pedagógico, não só porque é complicado arregimentar um grupo, mas principalmente porque é desafio crucial elaborar consensos pertinentes. Em geral, os consensos são medíocres, porque só pode ser medíocre aquilo em que todos acreditam. Bastaria observar os consensos que saem do Congresso Nacional! Mas a história concreta é feita de tais consensos, sendo essencial imprimir-lhes a melhor qualidade possível. Para evitar a vagabundagem no trabalho em grupo, sugere-se que, antes do consenso elaborado final da equipe, cada membro faça seu texto próprio. De todos os modos, não se pode estudar sem texto próprio e coletivo, pela razão crucial de que não faz sentido socializar a ignorância.

Pela mesma razão é importante aprender a “ler”, na acepção de Paulo Freire de “ler” a realidade. Trata-se de “contraler” (Demo, 1994), no sentido de ler na pretensão de autor, não de receptor. Significa que não vale passar por cima, do lado do autor, mas por dentro dele, desconstruindo e reconstruindo. Um bom livro precisa ser lido com caneta na mão, riscando tudo que possa ser interessante e, depois, reconstruindo as referências mais relevantes em textos ad hoc. Agora temos o computador: todo bom livro lido precisa ir para o computador, sob a forma de textos interpretativos e que podem sempre ser usados e recuperados. Podemos ler por cima, como se lê jornal. Mas, para aprender de verdade, é indispensável contraler os textos, para que possamos sair desta empreitada como autores cada vez mais reconstrutivos. Nem sempre lemos com prazer, porque nem tudo dá prazer. Muitas vezes temos de ler o que pouco nos interessa, por obrigação. O importante não é o prazer, mas a motivação, o envolvimento. Para fazer uma tese de doutorado, temos que ler, estudar, pesquisar muita coisa que jamais faríamos se dependesse apenas do prazer. Mas a motivação pode superar tudo isso e conferir sentido ao esforço. Não se trata do prazer do bobo alegre, mas da alegria do bom combate.

Nos professores teríamos de contar com a expectativa de que, devendo estudar profissionalmente, tivessem constante motivação para estudar. Professores que não lêem, estudam, elaboram, pesquisam, não cumprem a condição sine qua non de um professor minimamente adequado. Não sabem aprender e, por decorrência, não fazem o aluno aprender. Leitura é parte integrante desse negócio. Professor precisa ler todo dia, como “pão nosso de cada dia”. Não é viável motivar o gosto pela leitura no aluno, se o professor não lê. Como este acredita que se aprende escutando aula, tomando nota e fazendo prova, leitura é atividade ociosa. A aula pode ser, aí, expediente dramaticamente imbecilizante, porque vende a noção fatídica de coisa tão pronta que só resta copiar e restituir bem copiada na prova. Assim é: professor que não estuda, só pode dar aula! Não faz o aluno estudar, porque ele mesmo não sabe estudar. Aula é, muitas vezes, anteparo da mediocridade de um docente que apenas copia e só consegue que os alunos copiem. Não é culpa dele, porquanto é vítima do sistema como todos os alunos e professores. Continua fazendo a instrução que lhe foi transmitida no curso para se tornar docente. Há muitos outros problemas, é claro. Muitos professores não lêem porque não podem comprar livros, ou porque não existem livros para comprar onde moram, ou porque não possuem tempo, após jornadas exaustivas de trabalho. Entretanto, apesar de toda miséria, não ler, estudar, aprender, é não ser professor.


3. DESACERTOS

Não tenho interesse em alimentar polêmica estéril sobre a aula, não só porque seria diálogo de surdos com os defensores fundamentalistas dela, mas principalmente porque há aula cabível, ao lado de uma maioria inaproveitável (Demo, 2004a). Como bem anota Manguel (1996), em sua história da leitura, a aula instrucionista faz parte do método escolástico, entendido este como aquele que tutelava qualquer tentativa autônoma de interpretação. Nossas escolas e universidades praticam ainda este método, à revelia de todas as teorias e práticas mais atualizadas de aprendizagem. Por isso, acredita-se tão piamente que aumentando as aulas, aumenta-se a aprendizagem, coisa que os dados não suportam. Os alunos comparecem para escutar um professor falar, em geral de maneira instrucionista – sua grande maioria não produziu o que fala. A rigor, não se pode dar aula a não ser do que se produz. Aula instrucionista, apenas para expor idéias alheias, é mais bem feita pela mídia, a cores, com efeitos especiais e gente bonita. Hoje, o que está nos livros e na mídia, não precisa ser repetido em sala de aula, porque, sabendo o aluno ler, a informação está disponível. Trata-se de outra tarefa, tipicamente maiêutica, que é reconstruir conhecimento, não apenas veicular informação para ser, a seguir, na prova, reproduzida. O papel do professor é socrático, sua função é formativa em termos autopoiéticos, não como preceptor, capataz. Desrespeitam-se completamente as condições básicas de aprendizagem reconstrutiva, à medida que os alunos são mantidos como massa de manobra de idéias alheias. Não se pesquisa ou elabora, não se fazem textos próprios, não se motiva a autoria, mantendo-se como paradigma de aprendizagem mera instrução.

O desacerto vem de longe. Vem principalmente do professor e do sistema em que é gerado. Neste sentido, não é o caso “culpar” o professor, porque é vítima deste sistema instrucionista. Não tendo aprendido a estudar profissionalmente, não é capaz de instituir esta habilidade nos alunos. Uma coisa é freqüentar um curso para chegar ao diploma. Outra coisa é estudar para a vida e, dentro dela, para o exercício profissional. Quando o ambiente escolar e acadêmico é mais adequado, estabelece-se um contexto de estudo rigoroso, sistemático, no qual cada aluno, sozinho ou em grupo, trata de reconstruir conhecimento. Basta ver como se fazem seminários. Em si é idéia pertinente. Na prática tendem a restringir-se a caricaturas reprodutivas. Dificilmente os seminários supõem que seus participantes compareçam com material próprio elaborado. Em geral, cada um fala o que lhe vem à cabeça, quase como numa sessão de brain-storming. Em vez de se socializarem as habilidades e competências, socializa-se a ignorância. Ao mesmo tempo, instala-se o abuso da idéia da inter ou transdisciplinaridade, como se uma pessoa sozinha conseguisse ser este poço de conhecimento em vários planos (Demo, 2000). Aceita-se o sábio genérico, que não sabe nada. Diferente será o seminário no qual cada participante fala o que elaborou, discute o que produziu, apresenta o que reconstruiu. É preciso solidificar o compromisso de que somente se afirma aquilo para o qual se tem base elaborada. Se isto fosse aceito, grande parte dos professores não teria nada para dizer, pois não estuda de verdade.

Daí segue a superficialidade gritante de aulas que passam fugazmente por autores, através de resumos ralos, mas, que, copiados pelos alunos, passam a ser a competência disponível. Temos exemplo flagrante disso com respeito a Piaget, um autor de envergadura genial, mas recepcionado entre nós sempre pela via de cacos de algumas idéias. É raríssimo encontrar alunos que realmente estudaram Piaget, por mais que falem em construtivismo todos os dias. Mas esta raridade é a mesma entre professores: grande parte deles nunca pesquisou e elaborou Piaget, embora se imaginem capazes até mesmo de dar aula sobre construtivismo. Quem ouviu falar de construtivismo não pode dar aula de construtivismo. Para tanto é preciso pesquisar e elaborar, tornando-se autor de interpretação autônoma. É coisa lamentável que, sobretudo em cursos noturnos encurtados, os alunos sejam induzidos a reproduzir resumos caricaturais, porque já não se agüenta mais ler um livro inteiro, sobretudo quando é um texto complexo. Há dois encurtamentos comprometedores aí: a aula reproduzida, e o texto reproduzido. Ambos são da mesma laia. São tipicamente fraudes acadêmicas. Na escola é comum que o aluno não leia, porque o currículo prevê, no fundo, repasse de conteúdos, não sua digestão adequada. Impera o currículo extensivo, que entope o aluno de fora para dentro, de cima para baixo, deixando-o como objeto de idéias estranhas. No máximo, repete-as como papagaio. O problema maior, entretanto, não está no aluno. Está no professor papagaio.

Em geral, estudamos por obrigação, no dia antes da prova, premidos pelo tempo, e a contragosto. É raro o aluno que gosta de estudar. Decorre isto também de uma sociedade que não preza o conhecimento como referência fundamental das oportunidades de vida. Ainda é assim que, por exemplo, quando uma empresa contrata um economista, não pergunta onde se formou, porque o diploma – seja qual for sua procedência – basta. Entretanto, seria fundamental distinguir um economista que estudou cinco anos numa universidade de ponta de outro que estudou três anos apenas numa instituição noturna sem qualidade. Na verdade, o economista não é contratado para lidar com economia. Talvez seu trabalho seja burocrático, rotineiro, onde economia entra como enfeite. É por isso que encurtamos os cursos, porque, à luz desta banalização, é perda de tempo estudar mais e melhor. É também comum que empresas incitem seus funcionários a obterem nível superior em qualquer modalidade, deixando de lado a referência qualitativa. Na verdade, é um pretexto para pagar um pouco mais, esperando-se ainda que, tendo nível superior, o empregado torne-se mais útil. Estudar implica esforço sistemático e permanente de reconstrução do conhecimento, na condição de sujeito que inova e se renova. Algumas profissões percebem este desafio mais diretamente. Por exemplo, muitos médicos mantêm-se estudando sempre, porque sua área sofre renovações intempestivas da pesquisa e da tecnologia. Não estudar pode significar a perda de mercado.
Banaliza-se também facilmente a pesquisa. Uns dizem que é quimera, porque pesquisa é coisa de instituições e expertos sofisticados. Sem dúvida, pesquisa tem esta face da produção rebuscada de conhecimento. Mas, na esfera da educação, pesquisa é principalmente princípio pedagógico da aprendizagem adequada. É neste sentido que deve ser vista como expediente indispensável da formação do aluno (Galiazzi, 2003). Pesquisar não implica apenas domínio do metodo, implica, acima de tudo, oportunidade mais elevada de formação. Outros se satisfazem com caricaturas de pesquisa, esquecendo suas exigências metodológicas. Pesquisa não é qualquer coisa. Muito ao contrário, supõe procedimento metódico, refletido, bem feito, elaborado. Não por acaso, existe literatura infinita sobre metodologia científica (Demo, 2000). Toda pesquisa precisa ser minimamente um “questionamento reconstrutivo” (Demo, 1996): precisa questionar a realidade ou autores, e precisa reconstruir a realidade ou as análises disponíveis sobre a realidade.

Banaliza-se igualmente a elaboração, em geral mantida como cópia subalterna. Na alfabetização é assunto já muito debatido: não basta decodificar o alfabeto, é mister saber interpretar. No entanto, muitos alunos chegam à 8ª série e não entendem o que lêem. Ou seja, sabem decifrar letras e palavras, mas não são capazes de entender e atribuir significados. Não possuem autoria. Não sabem pensar. É comum que professores de português não construam textos minimamente adequados de português, não porque não queiram ou não lhes interesse, mas porque, em geral, não sabem. Professor com texto próprio, autoria lídima, autonomia crítica e autocrítica é ainda peça rara. Por isso, aluno crítico e autocrítico será peça ainda mais rara.

Atrapalha muito, evidentemente, o regime de estudo à noite, depois de um dia exaustivo de trabalho. Por conta de nossas condições históricas, esta chance deve ser valorizada e preservada. Os jovens possuem o direito de estudar, quando lhes for possível. Por isso, este tipo de curso precisa ser visto com enorme cuidado e devoção. Não faz sentido aludir ao cansaço para encurtar o estudo, já que esta gente sofrida precisa tanto mais de bom estudo. De encurtamento não precisam. Em vez de serem submetidos a aulas infindáveis instrucionistas, seria muito mais inteligente usar o tempo para pesquisar e elaborar, fazer texto, montar experimentos, construir idéias. O que levam para a vida é esta habilidade de saber pensar, pesquisar, elaborar, não as aulas. Estas se perdem no vento, porque são, tendencialmente, apenas vento. Não adianta engolir conteúdos em penca e que logo mais já estão desatualizados, se já não estão no momento de os engolir. Ser profissional é principalmente saber renovar, todo dia, os conteúdos. Esta habilidade de renovar os conteúdos pressupõe, naturalmente, domínio de conteúdos, mas o desafio maior é renová-los. Saber renovar conteúdos é lidimamente saber aprender, estudar, pesquisar, elaborar. Se isto soubermos, podemos enfrentar novos desafios, até mesmo reconstruir a profissão se esta vier a caducar. Com meras aulas instrucionistas, ficamos na rua chorando o tempo perdido.

Tem sido objeto de discussão a aprendizagem virtual, algo que está chegando para valer. Muitos criticam acerbamente, porque a internet facilmente induz à cópia, e isto já é problema candente na escola e na universidade, mesmo em pós-graduações stricto sensu. Outros se preocupam com o excesso de informação, levando à desinformação (Hayles, 1999). Entretanto, como não há retorno, é melhor preocupar-se em como fazer e usar bem. Por exemplo, agora, com o ciberespaço disponível, é possível estudar em grupo sem sair de casa, porque podemos fazer a experiência da “presença virtual”. A presença não é apenas física, por mais que isto possa ser visto como um susto. A própria disponibilidade astronômica de informação pode ser visualizada como oportunidade crucial, desde que se saiba transformá-la em conhecimento disruptivo. A nova mídia precisa comparecer como chance inovadora de aprendizagem tanto mais reconstrutiva, porque os ambientes oferecem condições muito mais aprimoradas de pesquisa e elaboração. O fato de abusarmos tão facilmente disso não o torna execrável. Na prática, a fraude acadêmica não existe apenas no mundo virtual. Na presença física também (Silva, 2001; 2003). “Colar” talvez seja a coisa mais criativa que restou de uma escola instrucionista!

Nosso atraso está, especificamente, na idéia comum de que escola e universidade são um monte de salas de aula. Quando dizemos que estamos estudando na escola e na universidade, estamos dizendo que freqüentamos aulas. O tempo mais importante na escola e na universidade não é o de aula, mas o de estudo. Em vez de ter aula o tempo todo, seria muito mais clarividente ter algumas aulas, reservando-se a maior parte do tempo para pesquisa e elaboração. Para tanto, é preferível, de longe, o currículo intensivo (Demo, 1996; 2004b), através do qual, em vez de alongar a transmissão de conteúdo, nos centramos em seu estudo verticalizado. Carregar nas costas toneladas de conteúdos dos outros não faz um profissional. Mas faz um profissional saber discutir conteúdos e renová-los permanentemente. Ainda nos persegue o estigma do vestibular. Para entrar numa universidade gratuita de bom nível nos submetemos a cursinhos instrucionistas desbragados. Memorizamos conteúdos sob pressão por vezes desumana, e os esquecemos logo em seguida, razão pela qual é preciso refazer o mesmo cursinho, caso não se passe no vestibular. Não se aprende para a vida, mas para a prova. Como conseqüência, ficamos com apostilas, textos sempre encurtados, caricaturais, fórmulas prontas, de ninguém, cuja vantagem pretensa é que já vêm “bem pensadas”; basta reproduzir. Os espertos ganham fortunas com tais trambiques, enquanto os incautos os engolem como pílulas de salvação. Na verdade, não são nem água benta.

PARA CONCLUIR:

O Brasil precisa estudar! Em especial seus professores.


BIBLIOGRAFIA:

BURKE, P. 2003. Uma História Social do Conhecimento – De Gutenberg a Diderot. Zahar Editores, Rio de Janeiro.

DEMO, P. 1994. Pesquisa e Construção de Conhecimento - Metodologia científica no caminho de Habermas. Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro.

DEMO, P. 1996. Educar pela Pesquisa. Autores Associados, Campinas.

DEMO, P. 2000. Metodologia do Conhecimento Científico. Atlas, São Paulo.

DEMO, P. 2002. Complexidade e Aprendizagem - A dinâmica não linear do conhecimento. Atlas, São Paulo.

DEMO, P. 2004. Aprendizagem no Brasil - Ainda muito por fazer. Mediação, Porto Alegre.

DEMO, P. 2004a. “Aula não é necessariamente Aprendizagem”. In: Ensaio - Avaliação e Políticas Públicas em Educação, CESGRANRIO, Rio de Janeiro, Vol. 12/44, p. 669-695.

DEMO, P. 2004b. Universidade, Aprendizagem e Avaliação. Mediação, Porto Alegre.

DEMO, P. 2005. Argumento de Autoridade X Autoridade do Argumento. Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro.

GALIAZZI, M.C. 2003. Educar pela Pesquisa – Ambiente de formação de professores de ciências. Editora UNIJUÍ, Ijuí.

GORZ, A. 2005. O Imaterial - Conhecimento, valor e capital. ANNABLUME, São Paulo.

HAYLES, N.K. 1999. How We Became Posthuman - Virtual bodies in cybernetics, literature, and informatics. The University of Chicago Press, Chicago.

HOFSTADTER, D.R. 2001. Gödel, Escher, Bach – Um entrelaçamento de gênios brilhantes. Editora UnB, Brasília.

INEP. 2003. Estatísticas do Professor. MEC/INEP, Brasília (http://www.inep.gov.br/).

MANGUEL, A. 1996. Uma História da Leitura. Companhia das Letras, São Paulo.

MATURANA, H./VARELA, F. 1994. De Máquinas y Seres Vivos – Autopoiesis: la organización de lo vivo. Editorial Universitaria, Santiago.

MATURANA, H. 2001. Cognição, Ciência e Vida Cotidiana. Organização de C. Magro e V. Paredes. Ed. Humanitas/UFMG, Belo Horizonte.

MINK, O.C., OWEN, K.Q., MINK, B.P. 1993. Developing High-performance People – The art of coaching. Perseus Books, New York.

OWENS, R.G. (Ed.). 2004. Organizational Behavior in Education – Adaptive leadership and school reform. Pearson, New York.

PRENSKY, M. 2001. Digital Game-Based Learning. McGraw-Hill, New York.

SAEB. 2004. Resultados do Saeb 2003. MEC/INEP, Brasília (http://www.inep.gov.br/).

SILVA, M. 2001. Sala de Aula Interativa. Quartet, Rio de Janeiro.

SILVA, M. (Org.) 2003. Educação Online - Teorias, práticas, legislação, formação corporativa. Loyola, São Paulo.

UNESCO. 2004. O Perfil dos Professores Brasileiros: O que fazem, o que pensam, o que almejam... Editora Moderna, São Paulo.


Pedro DemoPhD em Sociologia pela Universidade de Saarbrücken, Alemanha. Pós-doutor pela University of Califórnia at Los Angeles. Professor titular da Universidade de Brasília (UnB).

Artigos Relacionados:

- A arte da verdadeira educação, de Robert K. Carlson
- A importância do tutor no ensino médio, de João Malheiro
- Conhecer: um trabalho permanente, de A. D. Sertillanges
- Educação (escolar?) para uma juventude em crise, de José Ramón Ayllón
- Formação de valores – Uma entrevista com David Isaacs, de Maite Armendáriz Azcárate

domingo, 17 de outubro de 2010

Felicitações Professores

Felicitações professores.
"Não posso ser professor se não percebo cada vez melhor, que por não poder ser neutra, minha prática exige de mim uma definição. Uma tomada de posição. Decisão. Ruptura. Exige de mim que escolha entre isto e aquilo. Não posso ser professor a favor de quem quer que seja e a favor de não importa o quê. Não posso ser professor a favor simplesmente do Homem ou da Humanidade, frase de uma vaguidade demasiado contrastante com a concretude da prática educativa. Sou professor a favor da decência contra o despudor, a favor da liberdade contra o autoritarismo, da autoridade contra a licenciosidade, da democracia contra a ditadura de direita ou de esquerda. Sou professor a favor da luta constante contra qualquer forma de discriminação, contra a dominação econômica dos indivíduos ou das classes sociais. Sou professor contra a ordem capitalista vigente que inventou esta aberração: a miséria na fartura. Sou professor a favor da esperança que me anima apesar de tudo. Sou professor contra o desengano que me consome e imobiliza. Sou professor a favor da boniteza da minha própria prática, boniteza que dela some se não cuido do saber que devo ensinar, se não brigo por este saber, se não luto pelas condições materiais necessárias sem as quais meu corpo, descuidado, corre o risco de se amofinar e de já não ser o testemunho que deve ser de lutador pertinaz, que cansa, mas não desiste".(PAULO FREIRE, Pedagogia da Autonomia, p. 102 e 103).

Verdades

Texto resume em poucas palavras um pedaço significativo da história nacional.
Educar-se é encharcar de sentido cada ato da vida..." (Paulo Freire).
"Creia, basta ser sincero e desejar profundo, não diga que a canção está perdida, tenha fé em Deus, tenha fé na vida. Tente outra vez" Raul Seixas.

O Hino Nacional diz em alto e bom tom (ou som, como preferir) que “umfilho seu não foge à luta”. Tanto Serra como Dilma eram militantesestudantis, em 1964, quando os militares, teimosos e arrogantes,resolveram dar o mais besta dos golpes militares da desgraçada históriabrasileira. Com alguns tanques nas ruas, muitas lideranças, covardes,medrosas e incapazes de compreender o momento histórico brasileiro,“colocaram o rabinho entre as pernas” e foram para o Chile, França,Canadá, Holanda. Viveram o status de exilado político durante longos16 anos, em plena mordomia, inclusive com polpudos salários. Foi nasbelas praias do Chile, que José Serra conheceu a sua esposa, MônicaAllende Serra, chilena.Outras lideranças não fugiram da luta eobedeceram ao que está escrito em nosso Hino Nacional. Verdadeirosheróis, que pagaram com suas próprias vidas, sofreramprisões e torturas infindáveis, realizaram lutas corajosas para que, hoje, possamos viver em democracia plena, votar livremente, ter liberdade de imprensa. Nessegrupo está Dilma Rousseff. Uma lutadora, fiel guerreira dasolidariedade e da democracia. Foi presa e torturada. Não matouninguém, ao contrário do que informa vários e-mails clandestinos quecirculam Brasil afora.Não sou partidário nem filiado a partidopolítico. Mas sou eleitor. Somente por estes fatos, José Serra fujão, eDilma Rousseff guerreira, já me bastam para definir o voto na eleiçãopresidencial de 2010. Detesto fujões, detesto covardes!

Pedro Bial, jornalista.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Serra = mentiras

Assistindo ao horário eleitoral desta sexta-feira 15/10/2010, fiquei mais uma vez, enojado com a tamanha desfaçatez do candidato José Serra.
Ele começou parabenizando aos professores pelo dia dedicado aos mestres. Eu, como professor da escola pública do estado de São Paulo repudio essa parabenização. Esse repúdio é porque sei que esses votos não são sinceros, são apenas eleitoreiros, pois todos sabemos que o Serra odeia os professores da escola pública. Durante todo o seu mandato sucateou a escola pública Paulista, prejudicou constantemente os professores, perseguiu professores que se posicionou contra a sua política de sucateamento da escola pública.
Durante o seu governo propôs e sancionou leis nas caladas da noite. Leis que prejudicaram aos professores e a escola pública estadual.
No horário eleitoral de hoje, descaradamente, ele disse que no seu governo ele valorizou os professores e disse que deu aumentos acima da inflação.
Mentira. No seu governo o magistério Paulista teve aumento ZERO!!!! Nem mesmo a inflação foi reposta. Na paralisação dos professores neste ano, ele ordenou que suas tropas de choque bombardeassem todos e desfizessem as manifestações à força bruta.
São Paulo, o estado mais rico da Nação paga aos professores o oitavo salário, entre todos os estados do Brasil. Isso é uma vergonha.
Ele mentiu quando disse que em seu governo deu capacitação de qualidade a todos os professores. A mentira é uma prática constante desse candidato que se apresenta na época de eleição com cara de bonzinho mas, no poder se torna um ditadorzinho maquiavélico.
Mentiu descaradamente em seu programa de hoje quando disse que deu ajuda aos professores para a compra de computadores. No seu governo, fechou contrato (obscuro) com uma empresa para vender notbooks aos professores em até 24 parcelas. Os preços cobrados por uma máquina com configuração mediana estavam em torno de 20% acima dos valores praticados no mercado.
Quando ele fala em reforço escolar de qualidade, ele mente, pois não conhece as escolas da rede estadual. No seu governo, foi proposto uma aula de reforço semanal somente para os 9º anos (final de ciclo). Esse reforço acontece muitas vezes no refeitório, ou até mesmo debaixo de uma árvore, pois nas escolas da rede estadual falta espaço físico até mesmo para as reuniões pedagógicas.
Na sua campanha, ele omite como os alunos estão saindo da escola, após a implantação da aprovação automática. Ele omite a chantagem feita sobre os professores para que as taxas de aprovação chegue a praticamente 100% no final de ciclo (5º e 9º anos do ensino fundamental e 3º ano do ensino médio), pois nas demais séries, a frequência é suficiente para que a aprovação aconteça.
Ele mente sobre a Educação, assim como mente sobre a Saúde Pública e a Segurança.

Divulgue a todos da sua lista!!!! Vamos desmascarar esse ditadorzinho disfarçado de carneirinho!!!

Everaldo Rocha.

sábado, 9 de outubro de 2010

MARINA

Marina,… você se pintou?

Marina, morena Marina, você se pintou diz a canção de Caymmi. Mas é provável, Marina, que pintaram você. Era a candidata ideal: mulher, militante, ecológica e socialmente comprometida com o grito da Terra e o grito dos pobres , como diz Leonardo.

Dizem que escolheu o partido errado. Pode ser. Mas, por outro lado, o que é certo neste confuso tempo de partidos gelatinosos, de alianças surreais e de pragmatismo hiperbólico? Quem pode atirar a primeira pedra no que diz respeito a escolhas partidárias?

Mas ainda assim, Marina, sua candidatura estava fadada a não decolar. Não pela causa que defende, não pela grandeza de sua figura. Mas pelo fato de que as verdadeiras causas que afetam a população do Brasil não interessam aos financiadores de campanha, às elites e aos seus meios de comunicação. A batalha não era para ser sua. Era de Dilma contra Serra. Do governo Lula contra o governo do PSDB/DEM. Assim decidiram as famiglias que controlam a informação no país. E elas não só decidiram quem iria duelar, mas também quiseram definir o vencedor. O Estadão dixit: Serra deve ser eleito.
Mas a estratégia de reconduzir ao poder a velha aliança PSDB/DEM estava fazendo água. O povo insistia em confirmar não a sua preferência por Dilma, mas seu apreço pelo Lula. O que, é claro, se revertia em intenção de voto em sua candidata. Mas os filhos das trevas são mais espertos do que os filhos da luz . Sacaram da manga um ás escondido. Usar a Marina como trampolim para levar o tucano para o segundo turno e ganhar tempo para a guerra suja.

Marina, você, cujo coração é vermelho e verde, foi pintada de azul. Azul tucano . Deram-lhe o espaço que sua causa nunca teve, que sua luta junto aos seringueiros e contra as elites rurais jamais alcançaria nos grandes meios de comunicação. A Globo nunca esteve ao seu lado. A Veja, a FSP, o Estadão jamais se preocuparam com a ecologia profunda. Eles sempre foram, e ainda são, seus e nossos inimigos viscerais.

Mas a estratégia deu certo. Serra foi para o segundo turno, e a mídia não cansa de propagar a vitória da Marina . Não aceite esse presente de grego. Hão de descartá-la assim que você falar qual é exatamente a sua luta e contra quem ela se dirige.

Marina, você faça tudo, mas faça o favor : não deixe que a pintem de azul tucano. Sua história não permite isso. E não deixe que seus eleitores se iludam acreditando que você está mais perto de Serra do que de Dilma. Que não pensem que sua luta pode torná-la neutra ou que pensem que para você tanto faz . Que os percalços e dificuldades que você teve no Governo Lula não a façam esquecer os 8 anos de FHC e os 500 anos de domínio absoluto da Casagrande no país cuja maioria vive na senzala. Não deixe que pintem esse rosto que o povo gosta, que gosta e é só dele .

Dilma, admitamos, não é a candidata de nossos sonhos. Mas Serra o é de nossos mais terríveis pesadelos. Ajude-nos a enfrentá-lo. Você não precisa dos paparicos da elite brasileira e de seus meios de comunicação. Marina, você já é bonita com o que Deus lhe deu .

Maurício Abdalla - Professor de filosofia da UFES, autor de Iara e a Arca da Filosofia (Mercuryo Jovem), dentre outros.

domingo, 5 de setembro de 2010

Verdades na Educação pública de São Paulo

Esta é a realidade da escola pública do Estado de São Paulo.
Esta triste realidade foi imposta delos 16 anos do PSDB no governo de São Paulo, comandado pelos governos Mário Covas, Geraldo Alckmin (dois mandatos), e por último, governado por José Serra.
Esta é a escola de qualidade que esses candidatos mentirosos (José Serra e Geraldo Alckmin) tanto fala. Eis a verdadeira filosofia da escola de qualidade imposta por ambos.


Declaração de um professor de uma escola pública estadual em Campinas - SP.

Na escola estadual na qual trabalho, o governo (SP) entregou no dia 8 março 2010, sem nenhuma estrutura... e neste mês de agosto foi inaugurada com a presença do secretario da educação Paulo Renato de Souza, e apenas 2 dias antes da inauguração os computadores foram instalados e um dia após a inauguração os computadores foram desligados e até o momento 4 computadores estão funcionando. Agora, deixo uma questão não tão simples de resolver: como em 50 min/aula utilizar o laboratório de informática com apenas 04 computadores funcionando para trabalhar com 38 alunos?






segunda-feira, 19 de julho de 2010

Verdades & Mentiras

Caros compatriotas,

Vendo as promessas do candidato à Presidência da República, José Serra, fico indignado com tamanha desfaçatez desse senhor estúpido e arrogante, que se acha além do bem e do mal.
Descaradamente, o candidato José Serra vai à mídia prometer à nação:
Saúde: acabar com a espera para exames e consultas médicas; criar centros de tratamento para dependentes químicos; criar rede para deficientes em nível nacional, entre tantas outras mentiras.
Como o senhor José Serra ousa a fazer tais promessas sendo que enquanto prefeito da capital paulista e governador do estado de São Paulo, estado mais rico da União, não foi capaz de resolver os problemas da Saúde Pública, conseguindo piorar o que já era ruim?

Educação: melhorar a educação pública; criar um milhão de vagas no ensino técnico.
Mais uma vez o candidato José Serra tenta ludibriar a população brasileira. No seu governo, sucateou a educação pública. É um dos responsáveis (após Mário Covas e Geraldo Alckmin em sucessivos governos do PSDB) por uma geração de analfabetos funcionais. Paga um dos piores salários aos professores entre todos os estados da União; recebe os professores com cassetetes, gás de pimenta e bombas; programas de capacitação inexistentes ou ineficientes; falta de infraestrutura nas escolas públicas estadual. A real escola do governador José Serra é suja, violenta, sem infraestrutura e com professores mal pagos.

Moradia: Ampliar o desenvolvimento habitacional.
Outra vez, o candidato José Serra tenta enganar a população de baixa renda do país. Quando abandonou o governo do estado de São Paulo para se candidatar à presidência, o déficit habitacional do estado era de 1,2 milhão de moradias, atingindo 5 milhões de pessoas.

Segurança Pública: Caos total. Nos governos do Geraldo Alckmin e José Serra, o poder paralelo dominou os grandes e pequenos centros. Várias cidades paulistas lideram entre as cidades mais violentas do país.

Infraestrutura: enquanto prefeito da Capital paulista e governador do Estado, pouco fez para o transporte urbano.
Para trafegar pelas estradas estaduais paga-se um dos maiores pedágios do mundo. As estradas estaduais que não são pedagiadas, são intransitáveis devido a buracos gigantescos e falta de sinalização.
Para quem não conhece a realidade do estado de São Paulo, faço aqui uma exemplificação comparativa de uma triste realidade: Para trafegar por um percurso de 600 km (seiscentos quilômetros) da capital paulista até a capital mineira pela Rodovia Fernão Dias (Rodovia Federal), de boa qualidade, um carro de passeio paga 7 pedágios de R$ 1,10 totalizando R$ 7,70. Para fazer o percurso de 60 km (sessenta quilômetros) de Diadema (cidade do ABCD paulista) até Santos (litoral paulista) pela Rodovia dos Imigrantes ou Pela Rodovia Anchieta, um carro de passeio paga um pedágio de R$ 17,00. Trafegar pelas rodovias paulistas privatizadas paga-se uma taxa porcentual equivalente a 220% em relação a uma rodovia federal privatizada que parte deste mesmo estado.
Fica a cargo de o leitor analisar o custo do transporte para escoamento da produção de uma região como Campinas até o porto de Santos e vice-versa, com mais duas praças de pedágios com cobrança nos dois sentidos, sabendo que os valores são cobrados por eixo do caminhão. Quem para essa conta? Somos nós, cidadãos brasileiros, consumidores de todas as classes sociais.

O governo do Estado de São Paulo, administrado até março de 2010 pelo agora candidato à Presidência, José Serra, gastou cerca de R$ 141 milhões com publicidade de janeiro a junho, um aumento de 26,8% na comparação com o mesmo período do ano passado. No primeiro semestre de 2010, houve um crescimento de 157% em relação ao gasto médio de R$ 55 milhões do primeiro semestre de 2007, 2008 e 2009. (fonte: Estado de São Paulo/ 17/07/2010).

Fica bem claro que para o político José Serra (o grande malfeitor da Educação Pública), é mais importante investir o dinheiro público em propaganda e publicidade para ludibriar o povo, do que investir em Educação Pública, Saúde, Segura e Infraestrutura.



Everaldo Rocha.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

A Educação Pública no Estado de São Paulo

A Educação Pública no Estado de São Paulo

De tempo em tempo surge, muito discretamente, na imprensa uma reportagem mostrando o caos na educação pública do estado de São Paulo.
O jornal Correio Popular na edição deste domingo – 13/06/2010 publica uma reportagem cujo título é “O retrato amargo do ensino” relatado pela repórter Milene Moreto na primeira reportagem de uma série de reportagens que abordará os problemas da educação pública do estado de São Paulo – Gargalos do Ensino.
O texto relata a situação de Matheus, pré-adolescente de 12 anos que apesar de cursar a 5ª série do Ensino Fundamental numa escola pública da rede estadual de ensino de São Paulo, não sabe ler, escrever e contar, ou seja, não está alfabetizado.

Trechos da reportagem:
Matheus sabe contar até o número quatro. Do alfabeto, conhece o A, B, C e D. (...); Apesar de não ser alfabetizado, cursa o 5º ano do Ensino Fundamental, em uma escola do governo do Estado, (...); O caso de Matheus representa apenas uma fração de um problema que atinge boa parte das cidades de São Paulo e que a Secretaria de Educação desconhece em números: estudantes que não sabe ler ou escrever e, mesmo assim, são promovidos nas escolas, (...); A presença de analfabetos em salas de aulas é um dos problemas do sistema de educação paulista, (...) Problemas como a violência, agressões de alunos contra professores, desestímulos de educadores e educandos, baixos salários e falta de profissionais capacitados.
Na reportagem a mãe de Matheus relata que foi orientada por uma psicopedagoga a acompanhar o garoto na sala de aula. Lá ela presenciou cenas de selvageria. Salas de aula com trancas, estudantes descontrolados. Dos 47 alunos que estudam com o seu filho, cerca de dez estão alfabetizados.

Trechos da reportagem:
Progressão desvirtuada – Após a reforma nas políticas educacionais do Estado, com início na década de 90, na gestão do governador morto em 2001 Mário Covas (PSDB), e seguidas por seus sucessores – Geraldo Alckmin e José Serra, ambos do mesmo partido -, o foco de governo passou a ser “escola para todos”. O carro chefe – a Progressão Continuada – acabaria de vez com o problema mais grave na época: o processo de evasão escolar causada pelo alto índice de reprovação.

Nesta mesma edição, Paulo Renato de Souza, secretário estadual de Educação, afirma que “nem os professores, nem o poder público entenderam o que é a progressão continuada. Hoje o que se pratica é a aprovação automática, que não avalia se o aluno aprendeu ou não”.
“Criamos no Estado o professor que trabalha com o reforço escolar, inclusive reservando horas para isso. O problema é que houve a implantação do sistema e não se preparou a rede, não se conscientizou os professores para esta nova forma de abordar o tema da aprovação.” – Paulo Renato de Souza.

Histórico do sucateamento da educação pública do Estado de São Paulo:
São quase duas décadas que o PSDB está no comando do Estado de São Paulo, sucateando a Educação Pública com uma política desastrosa e descompromissada, assim como o fez com a Saúde e a Segurança Pública.
Na década de 90, o então governador Mário Covas juntamente com a sua secretária de educação Rose Neubauer, com uma política desastrosa, dá inicio ao desmonte da educação pública estadual, implantando a aprovação automática nas escolas públicas do Estado.
Com o governo do PSDB inicia-se a superlotação das salas de aulas (salas com até 55 alunos); implantação do Projeto Ensinar e Aprender (E.A.) – Projeto que visava a correção de fluxo, equivalência idade/série, (Projeto de aceleração), onde eram aglomerados alunos não alfabetizados ou semi-alfabetizados que não estavam nas séries correspondentes às suas idades. O projeto visava a conclusão de dois anos (séries) em apenas um ano. O Projeto tinha uma eficiência no mínimo, discutível. Os alunos desse projeto chegaram ao Ensino Médio com problemas sérios de alfabetização.
Começa com esse governo a desvalorização do professor, o achatamento dos salários, a superlotação das salas, a aprovação automática e a política de formação/capacitação inexistente.
No início do novo século e milênio, com a morte do então governador Mário Covas, assume o governo o então vice Geraldo Alckmin.
O novo governador Alckmin dá continuidade à política de sucateamento da Educação Pública do Estado. Continua a superlotação das salas, aprovação automática, desvalorização dos professores, programa de formação/capacitação do “faz-de-conta” e até mesmo a inexistência da mesma.
Com propagandas enganosas e uso da máquina administrativa, o então governador se reelege governador do Estado e mantém sua política de descompromisso com a educação, aprovação automática continua ativa e arrocho salarial maior.
Após o governo do Alckmin, José Serra se elege ao governo do Estado. O então governador José Serra consegue piorar o que já estava ruim. No início do seu governo, Maria Helena assume a Secretaria da Educação do Estado e dá início a mais desastrosa política educacional jamais vista. Inicia a implantação da cartilha na Educação Pública estadual. Com a implantação da cartilha (de péssima qualidade), o professor passa a ser um mero aplicador. A escola perde sua autonomia.
Em busca de visibilidade política, José Serra empossa como Secretário da Educação o atual Secretário Paulo Renato de Souza, um falastrão que nunca sabe o que acontece na Educação Pública.
Na gestão José Serra / Paulo Renato de Souza, todas as mazelas da Educação é atribuída ao professor. Nesse governo nefasto o professor é o responsável pelas mazelas de quase duas décadas de PSDB no poder. O professor é responsabilizado pela má qualidade da educação, por duas gerações de analfabetos funcionais provenientes da escola pública estadual.
O governador José Serra juntamente com seu Secretário Veicula cotidianamente propaganda enganosa como: dois professores por sala (enquanto muitas vezes não tem nenhum), laboratório de informática em todas as escolas, inclusive nos finais de semana (Onde? Quando?), professores recebendo capacitação/formação de qualidade (para inglês ver!!!), professores recebem kits de qualidade para trabalhar (apenas giz e apagador), bônus de até R$ 15.000,00 (só se for para seus capachos).
As aulas de reforço que o Secretário diz que a Rede Estadual tem são compostas de 01 (uma) aula semanal para 10% dos alunos no final do ensino fundamental, ou seja, apenas para 10% dos alunos que estão na 8ª séries / 9º anos. E muitas vezes essa aula acontece no pátio da escola, por falta de espaço físico na escola, pela falta de infra-estrutura.
De que adianta uma aula de reforço semanal para um aluno que tem uma defasagem de 04 anos / séries?
O Secretário sabe muito bem como funciona a escola pública sob seu comendo. Sabe como funciona a política de bônus imposta por esse governo inescrupuloso. Sabe muito bem como funciona a aprovação automática, e sabe muito bem como fazer pressão para que ela aconteça. Sabe também alterar as regras da avaliação externa (SARESP) para que os resultados não apareçam tão catastróficos em ano eleitoral, para não prejudicar seu chefe-maior José Serra, na corrida presidencial.
Estimo que 80% (oitenta por cento) dos alunos que concluem o Ensino Fundamental na escola pública no Estado de São Paulo estão no nível de alunos 5ª série / 6º ano. Essa mesma porcentagem vale também para os alunos que concluem o Ensino médio, 80% estão no nível de alunos de 7ª série / 8º ano do ensino fundamental.

Parabenizo o Jornal Correio Popular por essa iniciativa, pela publicação de reportagens que mostre a realidade da Educação Pública estadual.
Gostaria de saber por que a grande imprensa como ‘O Estado de São Paulo”, “Folha de São Paulo”, “Revista Veja”, Rede Globo, entre outras, não publica nada a respeito dessa política neoliberal nefasta e sobre o caos em que a Educação do Estado de São Paulo se encontra?
Tudo isso me faz lembrar de um refrão de uma música: “Brasil, qual é teu negócio? O nome do teu sócio? ...


Prof. Everaldo Rocha.

sábado, 29 de maio de 2010

Avaliação dos servidores

Matéria publicada no jornal Correio Popular do dia 18/05/2010 informa que o prefeito de Campinas dr. Hélio de Oliveira deseja implantar na administração municipal um sistema de avaliação do servidor público similar ao desenvolvido pelo governo do Estado de São Paulo, baseado no desempenho funcional.
À primeira vista, tal iniciativa parece salutar, sobretudo se pensarmos no atendimento à população que poderá ser melhorado. Mas, como todo projeto que é copiado ou tem fundamentos baseados em outros já existentes, é preciso ter cuidado para não incorrer nos mesmos erros ou fins, principalmente naqueles mais perversos.
Ao implantar tal sistema na Secretaria da Educação, o governo estadual (José Serra) criou uma forma discriminatória de conceder parcos reajustes salariais, sem ter a culpa de infringir norma constitucional que determina a reposição de perdas inflacionárias a todos os servidores públicos.
Sob a pretensa otimização do serviço público e a anunciada obtenção da excelência na qualidade do atendimento à população, o governo Serra criou distorções entre servidores iludindo a população, e apresentando questionáveis índices de aproveitamento escolar dos alunos, como se os efeitos da nefasta progressão continuada tivessem sido completamente suprimidos do cenário educacional paulista.
Eficiência, assiduidade, probidade e imparcialidade são exigências básicas no exercício da função às quais todo servidor público deve atender. A legislação vigente, tanto para a União, estados e municípios, exige que o servidor público cumpra o seu dever dentro de rígidos parâmetros, sob pena de inúmeras sanções, inclusive com a perda do cargo público.
Não se justifica, portanto, que a Administração Pública "compre" a eficiência, a assiduidade, probidade e imparcialidade dos servidores, oferecendo-lhes bônus, e outros "penduricalhos" nos holleriths. O bom gestor público deve zelar pela aplicação da lei vigente, fazendo com que a punição dos maus funcionários sirva de alento aos bons e de aviso aos claudicantes.
Ademais, o que impede que as regras para avaliação dos servidores não beneficiem este ou aquele em razão da pessoa que irá realizar ou validar o conceito dado? Qual o grau de subjetividade implícito nos quesitos de avaliação? Até que ponto metas inatingíveis poderão ser instituídas simplesmente para que não se conceda promoções ou reajustes salariais, a fim de não onerar a folha de pagamento?
Com todo o respeito que nossos administradores públicos merecem, é hora de parar de inventar meios para economizar à custa dos servidores públicos!
O valor do trabalho da iniciativa privada, sob a égide da CLT, tem sido muito mais respeitado do que no serviço público, exceção feita à União e ao município de São Paulo, que têm realizado a devida reposição das perdas salariais dos seus funcionários.
Ao nosso prefeito dr. Hélio e a todos os outros gestores público que queiram implantar projetos similares fica o alerta, possivelmente tardio, na forma de parte de um bordão antigo: "Nem tudo o que reluz é ouro...".
José Vieira da Silva Junior (bacharel de Direito e escrivão de Polícia)
Correio Popular - 25/05/2010.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

A Farsa dos Neoliberais



O poder de destruição do PSDB e seus governantes.


O período de (IN)governabilidade do "PSDBesta" Fernando Henrique Cardoso representou para o país um período de deterioração desmesurada e descabida do patrimônio nacional, com privatizações desnecessárias, de empresas lucrativas, promovendo a desnacionalização do patrimônio público.
Agora, o Serra se apresenta como o algoz, cujo objetivo é liquidar o que restou do patrimônio nacional, entregando a grupos estrangeiros o que restou do governo do seu parceiro de "tucanato" FHC.
Caros compatriotas, não paguem para ver a desfaçatez do José Serra.
O Estado de São Paulo pagou pra ver e viu a continuidade do desmantelamento da Educação, Saúde e Segurança pública do estado, promovido pelos governantes do PSDB que estiveram frente ao poder por quase duas décadas, recebendo o "golpe de misericórdia" dado pelo governo Serra.
Prof. Everaldo Rocha.

domingo, 18 de abril de 2010

Professores de castigo

É lamentável ler um texto medíocre, cujo título é "Professores de castigo" de autoria de uma repórter imprudente, inábil e seus impropérios descabíveis, talvez pela sua ignorância e estupidez, e publicado por uma revista irresponsável (Época), pertencente ao conglomerado congênere chamado "Globo" que pratica um jornalismo parcial, enganoso, manipulador, aquele que lhe interessa.
O texto aborda o Sistema de Educação Pública dos Estados Unidos, especificamente de Nova York, das práticas de um facínora incapaz de gerir um sistema educacional, e que ocupa o cargo de Secretário de Educação dessa cidade, além de fazer uma relação direta com a educação pública brasileira, mais especificamente com a educação pública do estado de São Paulo.
Por que será que a educação pública do "grande império" do poder econômico - EUA - maior economia mundial, está combalida, assim como a educação pública do estado de São Paulo, estado com 'Status" de maior potência econômica brasileira? Será que a culpa é do professor? Por que será que essas grandes potências econômicas não estão liderando o "ranking" dos países, estados ou cidades com melhor desempenho educacional? Como são tratados os professores dos países que estão no topo da lista de melhor desempenho educacional? Como são tratados os professores onde o sistema de educação está combalido? Qual a infraestrutura das escolas desses países que têm a melhor educação mundial? Quais as condições de trabalho dos professores desses países, estados ou municípios que apresentam uma educação de qualidade? E a nossa?
Gostaria que esta revista medíocre (Época) e o conglomerado Globo, a revista Veja e o conglomerado Abril, O grupo do Jornal Estadão, Jornal Folha de São Paulo e toda a grande imprensa que estão a serviço dos governantes, que praticam um jornalismo parcial, defendendo sempre seus próprios interesses, respondessem essas perguntas para a sociedade brasileira.
Assim como em Nova York, o professor da rede pública do estado de São Paulo é tratado com desrespeito, desvalorização, humilhação, tanto pelo governo corrupto e malfeitor da educação, que sucateou a educação pública estadual, quanto pela imprensa medíocre que presta um deserviço à sociedade, e por parte da sociedade que é manipulada pelo governo e por essa imprensa que aí está.
A quem interessa uma sociedade sem educação? Quem é mais fácil ser manipulável: uma sociedade com educação de qualidade ou uma sociedade desinformada, sem educação?
Trechos da publicação:
* "No estado de São Paulo o plano é mais suave que as salas de castigo. Em vez de punir maus professores, trata-se de premiar os melhores. A cada ano, o Estado aplicará uma prova para diretores, professores, coordenadores e supervisores. Os 20% mais bem avaliados receberão aumentos de 25% do salário".
Gostaria de perguntar para essa repórter leviana, se ela tivesse estabilidade em seu serviço, ela se sujeitaria a escrever um texto fatídico como este, somente para atender interesses do grupo?
Gostaria de saber por que os políticos, médicos, advogados, juízes, garis ou qualquer outro funcionário público do estado de São Paulo não fazem nenhuma prova para obter reajustes por mérito?
Por que todos os professores que foram aprovados nesta "fatídica" avaliação do mérito não serão contemplados com o aumento salarial?
Esta imprensa medíocre e manipuladora acha que uma prova "decoreba" mede conhecimento ou testa aptidão de alguém?
Por que esta revista medíocre não abre um espaço para dar "voz" aos professores, para indagar as condições de trabalho do professor, para divulgar o salário pago pelo governo do estado de São Paulo aos professores e para mostrar a verdadeira capacitação dada aos professores da rede estadual de Educação?
* "Embora ainda tenha muito trabalho pela frente, Klein conseguiu mostrar avanços no ensino. Entre 2005 e 2008, a taxa de conclusão do ensino médio aumentou de 47% para 61%. No mesmo período, a taxa de desistência caiu de 22% para 14%. Entre 2006 e 2009, a porcentagem de estudantes que atingiram os padrões adequados de aprendizagem para sua idade saltou de 57% para 82%, e a diferença entre o desempenho dos alunos negros em relação ao dos brancos diminuiu de 31% para 17%."
Mais uma vez, essa imprensa medíocre e descompromissada, mostra sua ineficiência e ingenuidade ao publicar tais dados.
Vimos recentemente a manipulação dos resultados da avaliação estadual SARESP e IDESP, mudanças de regras de última hora por parte da Secretaria Estadual de Educação de São Paulo, tentando, mais uma vez, ludibriar a sociedade, tentando mostrar que houve avanços significativos na educação estadual. Tudo politicagem.
Prof. Everaldo Rocha.

TROQUE 1 PARLAMENTAR POR 344 PROFESSORES

TROQUE 1 PARLAMENTAR POR 344 PROFESSORES

EU APOIO ESTA TROCA

344 professores que ensinam = 1 parlamentar que rouba.

Essa é uma campanha que vale a pena! Troque um parlamentar por 344 professores.

Prezado amigo! Sou professor de Física, de ensino médio de uma escola pública em uma cidade do interior da Bahia e gostaria de expor a você o meu salário bruto mensal: R$650,00.

Eu fico com vergonha até de dizer, mas meu salário é R$650,00. Isso mesmo! E olha que eu ganho mais que outros colegas de profissão que não possuem um curso superior como eu e recebem minguados R$440,00.

Será que alguém acha que, com um salário assim, a rede de ensino poderá contar com professores competentes e dispostos a ensinar?

Não querendo generalizar, pois ainda existem bons professores lecionando, atualmente a regra é essa: O professor faz de conta que dá aula, o aluno faz de conta que aprende, o Governo faz de conta que paga e a escola aprova o aluno mal preparado. Incrível, mas é a pura verdade! Sinceramente, eu leciono porque sou um idealista e atualmente vejo a profissão como um trabalho social.

Mas nessa semana, o soco que tomei na boca do estomago do meu idealismo foi duro! Descobri que um parlamentar brasileiro custa para o país R$10,2 milhões por ano... São os parlamentares mais caros do mundo. O minuto trabalhado aqui custa ao contribuinte R$11.545. Na Itália, são gastos com parlamentares R$3,9 milhões, na França, pouco mais de R$2,8 milhões, na Espanha, cada parlamentar custa por ano R$850 mil e na vizinha, Argentina, R$1,3 milhões.

Trocando em miúdos, um parlamentar custa ao país, por baixo, 688 professores com curso superior !

Diante dos fatos, gostaria muito, amigo, que você divulgasse minha campanha, na qual o lema será: 'TROQUE UM PARLAMENTAR POR 344 PROFESSORES'.

COMO VOCE VAI VOTAR DEPOIS DE LER ESTA MATÉRIA?

(Autor: Anônimo)

domingo, 4 de abril de 2010

Comportamento


Adolescentes que passam muito tempo assistindo à TV ou usando computadores parecem ter relacionamentos mais distantes com seus pais e colegas, de acordo com um estudo publicado no periódico Archives of Pediatrics & Adolescent Medicine.
Nos últimos 20 anos, os adolescentes têm cada vez mais participado de atividades mediadas por recursos eletrônicos. “A disponibilidade e a atratividade desse tipo de mídia têm causado bastante curiosidade nos pesquisadores, ao mesmo tempo em que traz preocupações sobre como isso substitui outras atividades presenciais, que são importantes para a saúde e o desenvolvimento desses indivíduos”, afirmam os autores.
“Algo interessante é observar como esses tipos de equipamentos eletrônicos afetam a qualidade dos relacionamentos.
”Rosalina Richards, da Universidade de Otago, na Nova Zelândia, e seus colaboradores, observaram adolescentes com idade entre 14 e 15 anos. Eles foram convidados a preencher questionários sobre seus hábitos durante as horas vagas, assim como sobre seu relacionamento com pais e amigos.
Quanto mais tempo assistindo à TV ou se divertindo com jogos no computador, piores as relações interpessoais, ou seja, maior dificuldade em terem laços afetivos. Em média, os adolescentes tinham uma piora de 4% a 5% nos níveis de relacionamento observados para cada hora na frente da televisão ou do computador.
Na contramão, os adolescentes que tinham hábitos de leitura ou se concentravam em tarefas acadêmicas tinham os melhores relacionamentos.
“A ideia geral é que ter acesso aos programas de TV ou computador faria que os adolescentes tivessem mais assuntos para serem discutidos e isso seria benéfico para seus relacionamentos”, dizem os pesquisadores. “Porém, isso não se mostrou verdadeiro.”Há uma série de mecanismos que podem ter relação entre tempo gasto em frente a mídias eletrônicas e piores níveis de relacionamento.
Os adolescentes com televisão ou computador no quarto podem, por exemplo, ter menos contato com a família, incluindo o tempo gasto com as refeições em conjunto. “Entretanto, também é possível que esses indivíduos tenham menos amizades diretas e, como reflexo disso, invistam mais tempo em procurar amizades virtuais ou mesmo os chamados “relacionamentos parassociais”, ou seja, relacionamentos ilusórios com personagens diminuindo as necessidades de inclusão emocional real.
Os laços emocionais entre pais e amigos são importantes para o desenvolvimento saudável dos adolescentes e os dados coletados pelo estudo mostram a necessidade de se observar o tempo gasto por esses indivíduos na frente das telas de TV ou computador.
“Com o rápido avanço das tecnologias é importante monitorar os efeitos – negativos ou positivos – desses aparatos no desenvolvimento do bem-estar psicológico, social e físico desses adolescentes”, enfatizam os autores.
(Colaboração: Cláudio Lima)

quinta-feira, 1 de abril de 2010

A greve da hora

Coluna de Janio de Freitas - Folha de São Paulo

A greve da hora


É legítimo, e da definição de sindicato que participe da vida política com a posição mais conveniente à classe
A ideia do PSDB de buscar uma punição judicial para o sindicato dos professores oficiais de São Paulo, por considerar que a greve da classe tem propósitos eleitorais, é uma mau começo de campanha para José Serra e os candidatos peessedebistas em geral, no Estado.
Não é preciso, nem seria sensato, duvidar do componente eleitoral da greve. Por ao menos dois bons motivos, melhor caberia louvar a ocorrência de uma greve também política.
É legítimo, e da própria definição de sindicato, que participe da vida política com a posição mais conveniente à classe. Inclusive com greves, cuja base legal ou ilegal só à Justiça, e jamais a governos e à polícia, cabe proclamar. O histórico reacionarismo brasileiro foi que propagou a ideia de que sindicatos e congêneres só podem promover ações sem mais pretensão ou conotação do que reivindicações profissionais específicas. E, ainda assim, bastante estritas e sob legislação muito restritiva.

O outro motivo para ver a greve sem olhos injetados é o fato mesmo, só ele, de ser uma greve lançada por associação de classe. Se tem componente político e eleitoral, não foi dele e por ele que nasceu. Foi, como ficou bem registrado em editorial da Folha de ontem, do fato de que, "desde 2005, os professores paulistas receberam apenas 5% de aumento salarial, contra uma inflação de 22% no período".

Não fosse esse tratamento iníquo ou, mesmo com ele, não coincidisse o acúmulo de iniquidade com a fase já eleitoral, o governo Serra e o PSDB em geral não teriam por que falar em greve política e eleitoreira. No final, importa muito mais é que uma associação de classe se mostre viva, quando todas as associações devedoras da ação política própria da democracia parecem, há tanto tempo, sugadas de toda a sua vitalidade.
Impedir sindicatos e congêneres de se manifestar politicamente seria trazer de volta um pedaço de ditadura.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Serra x Educação

Parte dos professores da rede pública do Estado de São Paulo está em greve há 20 dias, em defesa de uma educação pública de qualidade.
Por acreditar que lutar contra os abusos do governo Serra e o descaso pela educação imposta pela presença do PSDB há quase duas décadas, no comando do Estado, a paralisação dos professores é a forma mais digna de dizer ao governo e tentar mostrar aos meios de comunicação e à população em geral que os professores não aguentam mais serem tratados como um lixo por esse governo e pela política educacional estadual imposta por ele e pelos seus antecessores que por aí estiveram pelos últimos 20 anos.
Com o dinheiro público o governo compra a mídia para veicular mentiras e falsas propagandas, tentando enganar mais uma vez a população, tentando convencer o público em geral que a educação está melhorando pelas boas ações de seu governo.
O governo mente descaradamente. Mente quando diz que há dois professores na sala de aula, mente quando diz que há laboratório nas escolas funcionando em todos os períodos, inclusive aos finais de semana, mente quando diz que em todas as escolas há bibliotecas funcionando, mente quando diz que os professores ganham 'Kits' de materiais para desenvolver seu trabalho, mente ao dizer que os professores ganham bônus de até R$ 15.000,00 anualmente pela sua dedicação à educação, mente quando diz que os professores têm acesso a cursos de capacitação de qualidade fornecido pelo estado, mente quando diz publicamente que a folha de pagamentos da secretaria cresceu entre 2005 e 2009 33%, ou seja, sua propaganda é mentirosa. Esse governo é um malfeitor para a educação pública do Estado de São Paulo.
Eu gostaria que esse governo falasse publicamente que o vale alimentação pago aos professores é de apenas R$ 4,00 e que esse valor é o mesmo desde o ano de 2000 e nem todos os professores recebem essa fortuna. Gostaria também que ele publicasse qual é o valor da hora-aula de um professor da rede estadual. Gostaria que ele publicasse o valor do salário de um professor por uma jornada de 24 horas semanal e que fizesse uma comparação com o salário pago em 2005.
Isso ele não tem coragem de mostrar porque tudo que ele e seus assessores dizem é mentira.
Em uma de suas falácias à imprensa recentemente o governo Serra tenta, mais uma vez, desqualificar os professores dizendo que o movimento grevista dos professores não significa nada.
O Serra desdenha os professores e tenta desqualificar seu movimento porque está incomodado, porque não gosta de ser criticado.
Esse governo vem acabando com a a educação pública porque não lhe interessa que a população seja crítica, seja instruída, tornando assim, cidadãos fáceis de se manipular.
Prof. Everaldo Rocha