segunda-feira, 14 de junho de 2010

A Educação Pública no Estado de São Paulo

A Educação Pública no Estado de São Paulo

De tempo em tempo surge, muito discretamente, na imprensa uma reportagem mostrando o caos na educação pública do estado de São Paulo.
O jornal Correio Popular na edição deste domingo – 13/06/2010 publica uma reportagem cujo título é “O retrato amargo do ensino” relatado pela repórter Milene Moreto na primeira reportagem de uma série de reportagens que abordará os problemas da educação pública do estado de São Paulo – Gargalos do Ensino.
O texto relata a situação de Matheus, pré-adolescente de 12 anos que apesar de cursar a 5ª série do Ensino Fundamental numa escola pública da rede estadual de ensino de São Paulo, não sabe ler, escrever e contar, ou seja, não está alfabetizado.

Trechos da reportagem:
Matheus sabe contar até o número quatro. Do alfabeto, conhece o A, B, C e D. (...); Apesar de não ser alfabetizado, cursa o 5º ano do Ensino Fundamental, em uma escola do governo do Estado, (...); O caso de Matheus representa apenas uma fração de um problema que atinge boa parte das cidades de São Paulo e que a Secretaria de Educação desconhece em números: estudantes que não sabe ler ou escrever e, mesmo assim, são promovidos nas escolas, (...); A presença de analfabetos em salas de aulas é um dos problemas do sistema de educação paulista, (...) Problemas como a violência, agressões de alunos contra professores, desestímulos de educadores e educandos, baixos salários e falta de profissionais capacitados.
Na reportagem a mãe de Matheus relata que foi orientada por uma psicopedagoga a acompanhar o garoto na sala de aula. Lá ela presenciou cenas de selvageria. Salas de aula com trancas, estudantes descontrolados. Dos 47 alunos que estudam com o seu filho, cerca de dez estão alfabetizados.

Trechos da reportagem:
Progressão desvirtuada – Após a reforma nas políticas educacionais do Estado, com início na década de 90, na gestão do governador morto em 2001 Mário Covas (PSDB), e seguidas por seus sucessores – Geraldo Alckmin e José Serra, ambos do mesmo partido -, o foco de governo passou a ser “escola para todos”. O carro chefe – a Progressão Continuada – acabaria de vez com o problema mais grave na época: o processo de evasão escolar causada pelo alto índice de reprovação.

Nesta mesma edição, Paulo Renato de Souza, secretário estadual de Educação, afirma que “nem os professores, nem o poder público entenderam o que é a progressão continuada. Hoje o que se pratica é a aprovação automática, que não avalia se o aluno aprendeu ou não”.
“Criamos no Estado o professor que trabalha com o reforço escolar, inclusive reservando horas para isso. O problema é que houve a implantação do sistema e não se preparou a rede, não se conscientizou os professores para esta nova forma de abordar o tema da aprovação.” – Paulo Renato de Souza.

Histórico do sucateamento da educação pública do Estado de São Paulo:
São quase duas décadas que o PSDB está no comando do Estado de São Paulo, sucateando a Educação Pública com uma política desastrosa e descompromissada, assim como o fez com a Saúde e a Segurança Pública.
Na década de 90, o então governador Mário Covas juntamente com a sua secretária de educação Rose Neubauer, com uma política desastrosa, dá inicio ao desmonte da educação pública estadual, implantando a aprovação automática nas escolas públicas do Estado.
Com o governo do PSDB inicia-se a superlotação das salas de aulas (salas com até 55 alunos); implantação do Projeto Ensinar e Aprender (E.A.) – Projeto que visava a correção de fluxo, equivalência idade/série, (Projeto de aceleração), onde eram aglomerados alunos não alfabetizados ou semi-alfabetizados que não estavam nas séries correspondentes às suas idades. O projeto visava a conclusão de dois anos (séries) em apenas um ano. O Projeto tinha uma eficiência no mínimo, discutível. Os alunos desse projeto chegaram ao Ensino Médio com problemas sérios de alfabetização.
Começa com esse governo a desvalorização do professor, o achatamento dos salários, a superlotação das salas, a aprovação automática e a política de formação/capacitação inexistente.
No início do novo século e milênio, com a morte do então governador Mário Covas, assume o governo o então vice Geraldo Alckmin.
O novo governador Alckmin dá continuidade à política de sucateamento da Educação Pública do Estado. Continua a superlotação das salas, aprovação automática, desvalorização dos professores, programa de formação/capacitação do “faz-de-conta” e até mesmo a inexistência da mesma.
Com propagandas enganosas e uso da máquina administrativa, o então governador se reelege governador do Estado e mantém sua política de descompromisso com a educação, aprovação automática continua ativa e arrocho salarial maior.
Após o governo do Alckmin, José Serra se elege ao governo do Estado. O então governador José Serra consegue piorar o que já estava ruim. No início do seu governo, Maria Helena assume a Secretaria da Educação do Estado e dá início a mais desastrosa política educacional jamais vista. Inicia a implantação da cartilha na Educação Pública estadual. Com a implantação da cartilha (de péssima qualidade), o professor passa a ser um mero aplicador. A escola perde sua autonomia.
Em busca de visibilidade política, José Serra empossa como Secretário da Educação o atual Secretário Paulo Renato de Souza, um falastrão que nunca sabe o que acontece na Educação Pública.
Na gestão José Serra / Paulo Renato de Souza, todas as mazelas da Educação é atribuída ao professor. Nesse governo nefasto o professor é o responsável pelas mazelas de quase duas décadas de PSDB no poder. O professor é responsabilizado pela má qualidade da educação, por duas gerações de analfabetos funcionais provenientes da escola pública estadual.
O governador José Serra juntamente com seu Secretário Veicula cotidianamente propaganda enganosa como: dois professores por sala (enquanto muitas vezes não tem nenhum), laboratório de informática em todas as escolas, inclusive nos finais de semana (Onde? Quando?), professores recebendo capacitação/formação de qualidade (para inglês ver!!!), professores recebem kits de qualidade para trabalhar (apenas giz e apagador), bônus de até R$ 15.000,00 (só se for para seus capachos).
As aulas de reforço que o Secretário diz que a Rede Estadual tem são compostas de 01 (uma) aula semanal para 10% dos alunos no final do ensino fundamental, ou seja, apenas para 10% dos alunos que estão na 8ª séries / 9º anos. E muitas vezes essa aula acontece no pátio da escola, por falta de espaço físico na escola, pela falta de infra-estrutura.
De que adianta uma aula de reforço semanal para um aluno que tem uma defasagem de 04 anos / séries?
O Secretário sabe muito bem como funciona a escola pública sob seu comendo. Sabe como funciona a política de bônus imposta por esse governo inescrupuloso. Sabe muito bem como funciona a aprovação automática, e sabe muito bem como fazer pressão para que ela aconteça. Sabe também alterar as regras da avaliação externa (SARESP) para que os resultados não apareçam tão catastróficos em ano eleitoral, para não prejudicar seu chefe-maior José Serra, na corrida presidencial.
Estimo que 80% (oitenta por cento) dos alunos que concluem o Ensino Fundamental na escola pública no Estado de São Paulo estão no nível de alunos 5ª série / 6º ano. Essa mesma porcentagem vale também para os alunos que concluem o Ensino médio, 80% estão no nível de alunos de 7ª série / 8º ano do ensino fundamental.

Parabenizo o Jornal Correio Popular por essa iniciativa, pela publicação de reportagens que mostre a realidade da Educação Pública estadual.
Gostaria de saber por que a grande imprensa como ‘O Estado de São Paulo”, “Folha de São Paulo”, “Revista Veja”, Rede Globo, entre outras, não publica nada a respeito dessa política neoliberal nefasta e sobre o caos em que a Educação do Estado de São Paulo se encontra?
Tudo isso me faz lembrar de um refrão de uma música: “Brasil, qual é teu negócio? O nome do teu sócio? ...


Prof. Everaldo Rocha.