segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

(Des)Educação

A escola é essencial para a formação das crianças no ensino infantil e no ensino fundamental I, para os adolescentes do ensino fundamental II e ensino médio e para os jovens no ensino superior. O convívio social e cultural no ambiente escolar é fundamental para a formação e a socialização do indivíduo, do cidadão, assim como o conteúdo é essencial para a formação desse ser social como gente de fato.
Educação de qualidade para todos tem sido um lema proferido constantemente por políticos na última década, mas quem conhece o dia-a-dia da escola brasileira sabe que ainda está muito longe de acontecer.
Educação e conhecimento são as principais ferramentas de transformação do ser cidadão sociocultural para transformar o mundo.
Estudar para se desenvolver profissionalmente já não é uma prática frequente para os docentes, muito menos para os alunos.
A educação no país está longe de ser ideal. Os estudantes brasileiros estão entre os de pior desempenho no PISA (Programa Internacional de Avaliação Comparada), que mede a proficiência em leitura, Matemática e Ciências em 57 países.
A escola é responsável pelo ensino da leitura, da escrita, da matemática e suas regras, das ciências e suas tecnologias, entre outros conteúdos, mas isso está sendo deixado de lado quando o foco deixou de ser a aprendizagem para valorar a aprovação automática.
A pedagogia do descompromisso com a educação, praticada pela escola tem sido muito eficiente para acabar com a evasão escolar (alunos que não frequentam durante o ano letivo são agraciados, no conselho final, com uma compensação de ausências fictícia), e com a repetência (todos são aprovados com êxito: com ou sem rendimento satisfatório, e com ou sem frequência mínima exigida pela LDB).
Se o objetivo é desconstruir a educação, o poder público, juntamente com grande parte dos profissionais da educação estão conseguindo.
Mais um ano fico irritado com a postura descompromissada de alguns colegas de trabalho: professores, coordenador e diretor de escola na reunião de conselho final.
Quando, no início do conselho da escola na qual trabalho, para definir os alunos que foram promovidos ou retidos, nos foram apresentados pela direção da escola, planilhas onde alunos com rendimentos insatisfatórios, alunos com excesso de faltas, alunos que não frequentaram a recuperação final já estavam todos promovidos pelo conselho, antes mesmo deste acontecer.
Minha indignação maior foi está numa sala com mais dez colegas de trabalho, professores educadores que acharam aquela insensatez normal, se omitiram, e, até mesmo pactuaram com tal insensatez alterando notas e compensando ausências para tornar a ilegalidade legal.
Naquele momento me sentir um verdadeiro trapo, um ser impotente ante à insignificância aos valores morais e éticos de uma profissão.
O golpe final foi cuase mortal para mim, quando o coordenador pedagógico ordenou a todos que alterassem os conceitos insatisfatórios (abaixo de cinco), para satisfatórios e quase unanimidade aceitou como se aquilo fosse a coisa mais normal que pudesse acontecer.
Diante de tal desatino, procuro me manter sóbrio para buscar forças para continuar na educação, buscando sempre não alimentar o descrédito e não me neutralizar por políticas e diretrizes educacionais vexatórias que são impostas.
Prof. Everaldo Rocha.