sábado, 27 de fevereiro de 2010

Educação no Estado de São Paulo - Avaliação

A Secretaria Estadual da Educação do Estado de São Paulo divulga informações sobre o SARESP 2009 - (prova aplicada anualmente pelo governo estadual para avaliar os conhecimentos dos alunos sobre os conteúdos que eles devem aprender na 4ª e 8ª séries do ensino fundamental e no 3º ano do ensino fundamental, e sobre o IDESP - (Índice que varia de 1 a 10, formado a partir da nota dos alunos no Saresp e a quantidade de alunos na série correta para a idade).
Segundo o governo, o desempenho dos estudantes da rede estadual de São Paulo melhorou no ensino fundamental em lingua portuguesa e Matemática entre 2008 e 2009, enquanto que no ensino médio houve uma pequena melhora em língua portuguesa e uma piora em Matemática.

Saresp (de 125 a 500) - Resultados 2008/2009

4ª série:
Língua portuguesa:
2008 - 180,0
2009 - 190,4 ------> + 5,8%

Matemática:
2008 - 190,0
2009 - 201,0 ------> + 5,8%

8ª série:
Língua portuguesa:
2008 - 231,0
2009 - 236,0 ------> + 2,2%

Matemática:
2008 - 245,0
2009 - 251,0 ------> + 2,4%

3º ano - Ensino médio:
Língua portuguesa:
2008 - 272,0
2009 - 274,0 ------> + 0,7%

Matemática:
2008 - 273,0
2009 - 269,0 ------> -1,5%


Idesp - ( de 1 a 10) - Resultados 2008/2009

1ª a 4ª séries:
2008 - 3,25
2009 - 3,85 ------> + 18,5%

meta para 2030 -> 7,0

5ª a 8ª séries:
2008 - 2,58
2009 - 2,83 ------> + 9,7%

meta para 2030 -> 6,0

Ensino médio:
2008 - 1,99
2009 - 1,97 ------> - 1,0%

meta para 2030 -> 5,0

O governo estadual divulga os resultados obtidos na avaliação de 2009 com muito louvor, enfatizando sempre que a educação estadual está no caminho certo, que tem melhorado e vem melhorando constantemente devido as ações e investimentos feitos pelo governo estadual.
Se fizermos uma análise dos resultados obtidos nos últimos anos, veremos que não há nada a comemorar.
Devemos lembrar também que esse governo está no comando do estado de São Paulo há quase duas décadas. Portanto, os alunos que estão finalizando o ensino médio são frutos de uma política educacional excludente e vexatória imposta no estado de São Paulo pelos governantes que têm assumido o comando estadual nas últimas duas décadas.

Análise dos resultados:

SARESP:

Considerando a escala de pontuação de 125 a 500 e levando em conta que os resultados apresentados pelo Saresp, temos a seguinte situação:
1 - A escala partindo de 125, se levarmos em consideração a escala máxima de 500, o aluno já parte com 25% da nota máxima. Mesmo assim a nota média fica por volta de 50% da nota máxima, ou seja, se for subtraído os 25% equivalente a nota inicial, a nota média será de apenas 25%.
2 - Subtraindo a nota inicial da nota máxima, teremos um intervalo de notas variando de zero a 375. Seguindo esse mesmo raciocínio, subtraindo 125 da nota média obtida, a média será de aproximadamente 29%.
IDESP:
Considerando que os resultados do Idesp são apresentados com notas variando de 1 a 10, a situação não fica diferente, pois a média geral obtida nos três segmentos é de aproximadamente 2,7, com um agravante para o ensino médio, se a análise for feita por segmento.
No Idesp,analisando cada segmento individualmente, observa-se uma queda progressiva das notas obtidas, a medida em que aumenta o nível de ensino (Esse fator não se apresenta nos resultados apontados pelo Saresp). Esse decréscimo gradual é atribuído também pela equivalência da idade/série que diminui com o aumento do nível de ensino.
Mais uma vez o governo estadual, levianamente, tenta colocar a culpa da má qualidade da educação na parte mais fraca -"o professor".
Com o dinheiro público este governo gasta altas cifras para veicular constantemente nas mídias impressas e televisivas, propagandas no mínimo ludibriadoras, para passar uma falsa imagem da boa qualidade da educação, da preocupação do governo para com a educação de qualidade para todos.
Quem conhece a educação de perto, ou mesmo quem tem filhos, sobrinhos, vizinhos ou qualquer contato com a escola pública da rede estadual sabe que o governo omite a verdade quando veicula na mídia que as escolas estaduais têm: "salas de aula com dois professores", "aula de recuperação durante o ano todo", "laboratório de informática em todas as escolas durante todo o período, inclusive aos finais de semana", "kit de materiais para todos os professores", "biblioteca funcionando em todas as escolas".
A realidade das escolas estaduais é bem diferente do que é pintada pelo governo nas mídias. A realidade é: quando consegue montar uma turma de reforço, não tem espaço físico para que aconteça; quando tem um laboratório com dez computadores para atender turmas com 40 alunos, as máquinas estão obsoletas ou até mesmo sucatas; quando tem biblioteca, fica em um ínfimo espaço e ficam fechadas por falta de atendentes; os kits dos professores resumem-se em giz e apagador; dois professores por sala? um professor e um estagiário somente na série inicial com turmas lotadas; formação continuada de qualidade (quando, onde?); bônus para professores? piada!!!!
O Secretário da Educação, o sr. Paulo Renato de Souza tenta encobrir as mazelas na educação feita pelos governantes que aí estiveram por anos a fio, e ainda está.
O sr. Secretário da Educação, na divulgação dos resultados do SARESP e IDESP e entrevista concedida e veiculada no jornal O Estado de São Paulo, hoje, 27/02/2010, atribui o baixo nível de conhecimento dos estudantes à falta de qualificação dos professores.
No seu discurso falacioso o sr. Paulo Renato de Souza alega que o fraco desempenho dos alunos, principalmente os alunos do ensino médio se deve ao pouco conhecimento dos professores de matemática, dá má formação dos mesmos.
O Secretário, de forma desrespeitosa para com os educadores, tripudia mais uma vez, dizendo que em março começará um curso de reforço para os professores de matemática da rede, com 240 horas à distância e presencial.
Gostaria de indicar um curso de matemática, de qualidade e presencial ao sr. Secretário, pois o mesmo não demonstra nenhuma habilidade para interpretar tabelas e gráficos, muito menos interpretar dados.
Qualquer pessoa leiga analisando os resultados, verá que no ensino fundamental I e II as notas obtidas em matemática são superiores às obtidas em língua portuguesa. A diferença entre as notas obtidas em Matemática e em Língua portuguesa no ensino médio estão muito próximas. Se a comparação for feita sobre as notas de 2008, as notas de Matemática são superiores as de língua portuguesa em todos os segmentos, sendo que os professores são os mesmos.
Não estou querendo fazer uma comparação dos desempenhos entre os componentes curriculares citados, pois todos os ínfimos resultados divulgados vem demonstrar mais uma vez o descaso pela educação por parte do governo que aí está.
Os resultados apontados são frutos do descaso, da superlotação das classes, da aprovação automática, do mísero salário pago ao professor, do não-incentivo ao magistério.
Gostaria que o governo publicasse na mídia que o salário do professor por uma jornada semanal de 24 horas é de apenas R$ 909,32; o vale alimentação é de apenas R$ 4,00 e nem todos os profissionais recebem e os mesmos não são pagos nas férias; que o sistema de saúde é inoperante; que o professor não tem água para beber nem cafezinho no local de trabalho (se quiser beber água e tomar café tem que pagar ou levar de casa) e tem que trabalhar doente, pois há cotas para os atestados médicos.
Deixo apenas quatro perguntas para o sr. Secretário da Educação do Estado de São Paulo e ao Governador:
1 - Os senhores sobreviveriam com o salário de um professor da rede estadual?
2 -Os senhores fariam uma alimentação digna com um vale de R$ 4,00?
3 -Os senhores levam de casa a água e o cafezinho que tomam em seus gabinetes?
4 - Os senhores sobreviveriam por mais de um dia tomando vários ônibus, enfrentando salas de aula com mais de 40 alunos, muitos com problemas sócio-afetivo-econômico?
Prof. Everaldo Rocha.